Náufragos

  • Temas: desafio climax, natureza, castidade, tentação, pecado
  • Publicado em: 03/11/24
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  • Autoria: Bayoux
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No início, nem imaginava onde os desígnios do destino me levariam.


Quando tudo começou, eu não previa que seria tentado além dos meus limites, provocado incessantemente, seduzido sem piedade alguma. Eu era apenas um servo ingênuo, cuja única intenção era manter-se casto e assim dedicar a vida ao serviço de salvar almas puras e boas que, sem minha intercessão, se veriam condenadas à perdição apenas por ignorarem a existência de um ser divino superior.


Recém formado no cursinho eclesiástico online, eu tinha o mundo em minhas mãos e, acreditando que o tamanho do desafio era proporcional ao sucesso, abracei aquela causa que muitos temiam. Tornei-me um evangelizador! Lembro-me de minha euforia quando indicaram onde deveria prestar meus serviços, uma pequena comunidade de nativos, isolada numa ilha distante, o que seria ideal para minha carreira de salvador de almas!


Após horas de voo em aeronaves de todos os tamanhos, o último trecho seria feito num barquinho um tanto rude, mas, apesar das condições precárias daquela viagem, em nenhum momento fraquejei em minha determinação. Quer dizer, quase em nenhum momento. Eu não estava preparado para aquelas companhias que, na última hora, se juntaram a nós para ir a alguma outra ilha no caminho.


Eram cinco mulheres, todas jovens. Vinham vestidas displicentemente, com roupas de praia esvoaçantes, óculos escuros e chapéus protegendo-as do sol inclemente dos trópicos - e malas, muitas malas e bolsas. Subiram ao barco fazendo algazarra, falando alto entre si num idioma que não reconheci e rindo da expressão do capitão ao admirá-las.


Eram todas esguias e magras, suas pernas pareciam que se quebraram se carregassem algum peso, seus cabelos longos vinham soltos e eram de diferentes cores e formas, lisos e cacheados, loiros, negros, castanhos, platinados e ruivos. A princípio, pareciam uma coleção de bonecas Barbie, todas com o mesmo corpo. Só depois, apreciando mais, é que se observava certa variedade nos detalhes de seus corpos - e não é que eu estivesse olhando, por favor, eu apenas notei isso.


Durante o percurso, o barco enfrentava ondas enormes e o capitão parecia um tanto assustado - mas não era por conta do mar arredio, e sim porque um par delas decidiu tomar sol na proa e ficaram só de biquíni. Aquelas peças de roupa minúsculas eram um convite à tentação, os corpos das duas pareciam nus e sua pele bronzeada pelos trópicos via-se sedosa e brilhante como se pedissem para ser mordidas.


A parte de cima dos biquínis somente tapava seus mamilos e se podia ver os seios quase inteiros, sendo que os da ruiva eram mais cheinhos e os da que tinha cabelos castanhos se viam mais empinadinhos. Já na parte de baixo, a ruiva possuía um quadril mais largo e a outra um traseiro mais redondinho, muito embora os tais biquinis estivessem enfiados dentro das duas como se tapassem somente a alma das garotas.


Eu bem sei dos ardis femininos e das tentações do mundo, se uma brecha se abre em nosso espírito elas se infiltram, invadem e tomam conta de nosso ser, logo, não se pode descuidar. Para evitar continuar apreciando aquele convite aos maus pensamentos, decidi reler o panfleto sobre os hábitos culturais da tribo onde passaria o próximo ano e o manual de técnicas de evangelização.


Não foi uma boa ideia, manter os olhos fixos na leitura durante o sobe e desce do barco fez com que eu enjoasse e, apesar de já ter vomitado o café da manhã que tomei, meu corpo parecia pouco convencido de que não havia mais nada a botar para fora.


Para piorar, meu padecimento chamou a atenção daquelas mulheres e agora eu me via cercado pelas outras que não tomavam sol. Elas falavam comigo naquela língua estranha, a loira me oferecia água, a morena segurava minha cabeça e a platinada soprava meu rosto.


Apesar de parecerem verdadeiramente preocupadas, eu sabia que aquela atenção feminina concentrada era um investida contra tudo o que prezo. Nunca duvide dos artifícios das forças do mal, sempre buscando desviar-nos do caminho das formas mais baixas.


Enquanto o perfume de seus corpos entrava por minhas narinas, o toque das mãos suaves de dedos compridos era como um cetim deslizando por minha nuca e o hálito fresco expelido de seus lábios atingia meu rosto como uma brisa no deserto do Sahara. Eu me esforçava para não cair em tentação e deixar o azar entrar em minha mente, repetindo para mim mesmo: Meu corpo é um templo e nada me afetará!


O barco seguia sua batalha incansável contra as ondas e eu seguia minha luta interior para não ceder ante à provocação daquelas mulheres, quando o tempo inadvertidamente começou a fechar. Umas nuvens negras e densas, muito baixas, corriam velozes em nossa direção e raios começaram a estalar à nossa volta.


No vazio do oceano o retumbar dos trovões era um tanto assustador, o que fez minhas acompanhantes emitirem gritinhos de pavor e se apertarem ainda mais ao meu redor, como se fosse capaz de enfrentar a tempestade que começava a cair. Logo eu, um discípulo fiel, branquelo e fracote, que não transmito masculinidade nem cheiro a testosterona.


Vai entender as mulheres - e a estas garotas eu entendia menos ainda, até porque nem fazia ideia de qual idioma falavam. E então veio a danação, um raio atingiu o barco em cheio e eu apaguei em meio à confusão que se armou, com mulheres saltando e gritando para todos os lados. Lembro-me de haver pensado antes de desmaiar: Obrigado, ser divino, por terminar essa provação a que sou submetido!


Quando voltei à consciência, eu estava sem camisa e a garota platinada me beijava, com sua boca colada à minha. Demorei um tanto a entender o que estava acontecendo, acreditei que era um ataque direto à minha dignidade eclesiástica, mas na verdade ela fazia respiração boca-a-boca porque eu havia bebido muita água enquanto elas me resgatavam.


O céu agora estava limpo novamente e nos encontrávamos numa praia de águas azuis, sendo que haviam destroços do barco ao longo de toda a extensão de areia. Mal despertei e as outras garotas vieram para ver como eu estava.


Pelo visto, somente nós havíamos escapado do naufrágio, pois não vi o capitão por ali. A ruiva que tomava sol antes do naufrágio chegou bem próximo a mim e isso me incomodou - Não exatamente pela proximidade, mas ela havia perdido a parte de cima do biquíni e seus seios fartos estavam livres, exibindo mamilos grandes e pontudos num cor-de-rosa tênue.


Para piorar, dei-me conta de que as demais garotas estavam fazendo top-less também, pois suas roupas haviam se molhado e elas as puseram para secar penduradas numas palmeiras. Céus, eu havia pensado que minha provação terminaria com o naufrágio do barco da perdição, mas pelo visto aquilo estava só começando!


As garotas tentavam falar comigo naquele idioma delas, faziam mímica e apontavam diversas coisas na praia, mas eu não compreendia nada. Além da dificuldade de comunicação, dei-me conta de que eu não conseguia concentrar-me com aquela quantidade de seios desnudos ao redor.


Uns eram pontudinhos e outros mais redondos, uns possuíam aréolas escuras e outros quase transparentes, eram cheios, magros, turbinados e de todos os formatos - e não é que eu estivesse olhando, por favor, mas era quase impossível não notar.


Vendo que eu não entendia patavinas e nem conseguia tomar nenhuma atitude, para meu descanso, as mulheres foram se afastando. Durante todo o dia, todas elas se mantiveram muito ocupadas. Só ao final da tarde, a mulher dos cabelos castanhos, aquela dos peitos mais empinadinhos e da bunda mais redondinha, veio tentar falar comigo. Tentou comunicar-se em diversas línguas, mas eu continuava sem entender nada.


Curioso, eu desenhei na areia uma espécie de mapa mundi e indiquei o Brasil, para que soubesse de onde eu vinha. Bem, meu mapa era meio inexato e talvez ela tenha pensado que eu era peruano. Digo isso porque, quando ela apontou para o local de onde vinham, só deu para entender que deveria ser o norte da Europa, ou seja, podiam ser holandesas, finlandesas ou suecas - e talvez por isso eu não entendesse nada do que diziam.


A garota então abriu um sorriso e começou a fazer sinais para que a seguisse. Sei lá, fiquei desconfiado e não quis me mover. Vendo que eu permanecia ali, ela segurou minha mão e tentou me levar, o que me fez fincar os pés na areia e resistir ainda mais. Ela gritou algumas coisas e, quando percebi, havia outras tantas delas me puxando e me empurrado, com seus peitos tentadores nús tocando minha pele inadvertidamente.


Fomos nos aproximando da franja da mata ao longo da praia e pude notar que uma fogueira ardia ali. Meu coração disparou, elas provavelmente me levariam para o mato para tentar a todo custo dissolver minha determinação de seguir puro e casto, aproveitando-se de meu temor e meu físico franzino.


Daí, mal jogaram-me no chão junto à fogueira, puseram-se num círculo à minha volta. Pude notar que tomavam algo dentro de uns cocos e que rasgavam carne de peixe com os dentes afiados e muito brancos - aliás, o tal país de onde vinham deveria ter dentistas ótimos, pois todas tinham dentes perfeitos e muito brancos.


Nesse momento, ocorreu-me que aquilo deveria ser algum ritual de bruxaria, afinal elas bebiam e comiam em volta da fogueira. Céus, eu provavelmente seria uma oferenda para seja lá qual deus pagão elas adoravam! Eu conheço as lendas do norte da Europa e esse tipo de situação sempre termina em paganismo!


Pensando bem, aquilo só podia ser magia negra mesmo, pois apenas em uma tarde elas haviam construído um alambique rudimentar com bambus para fazer birita à base de raízes, haviam pescado dúzias de peixes, construído uma grande cabana com palmeiras e tecido umas redes com fibra de bananeira, além de fazerem a fogueira.


Tudo para aquela celebração pagã em que eu era obrigado a participar!


No início, consegui encontrar algum conforto nas orações. Fechei os olhos e me concentrei, recitando em voz alta o livro dos salmos. Quando olhei de soslaio, dei-me conta de que as tais garotas acharam que eu estava cantando - e agora elas dançavam livremente ao redor da fogueira, muito animadinhas, com aqueles peitos todos balançando ao meu redor.


Não satisfeitas, elas praticamente me obrigaram a beber, além de dançar com elas e seus peitos lascivamente livres. Entendam, eu tive que ceder. Acho que foi medo, sabem? Minha fé é uma rocha, mas, naquela situação eu me vi fragilizado, cercado pelas mulheres selvagens de alguma tribo nórdica, numa praia deserta qualquer do pacífico sul, sem ter a quem recorrer nem para onde fugir.


Foi uma noite um tanto confusa. Aquela bebida delas era bem forte e subiu-me à cabeça rapidamente. Ao tentar recordar-me, só me vêm à mente flashes borrosos. Creio que a loira foi a primeira a atirar-se sobre mim, atacando-me com seus seios brancos de mamilos escuros e tentando colocá-los em minha boca. Depois disso, não está claro quem fez o que, mas desconfio que elas utilizaram meu corpo.


Acho que a morena veio com seu sexo depilado e pequeno se esfregando em meu rosto. Talvez tenha sido a platinada que veio com uma boca de lábios carnudos buscando sugar-me o membro. Provavelmente, foi a de cabelos castanhos que trouxe sua bunda com uma marquinha de biquini descarada e ficou roçando-me ali embaixo. E a ruiva, sim possivelmente a ruiva, a mais safada de todas, foi quem começou a cavalgar sobre meu membro infelizmente ereto.


A partir daí, lembro-me de muitas risadas ao meu redor enquanto elas provavelmente usavam meu corpo a seu bel prazer em diferentes posições: de quatro, de lado, por cima e por baixo, acho até mesmo que umas seguravam as outras no ar para poderem se aproveitar mais de mim. Depois disso, tudo é um grande branco na minha cabeça.


Acordei no dia seguinte dentro da grande cabana, deitado numa rede junto a duas delas. Estávamos todos nus, para minha desgraça. Acostumando minha visão ao escuro, notei que as demais estavam espalhadas pelo chão, todas estonteantemente nuas. Saí de fininho da cabana, esgueirando-me para não acordá-las - vai que alguém ali ainda possuía energia para mais alguma coisa!


Pelo visto, em algum momento da noite havia caído uma tormenta, pois a fogueira estava apagada e não havia sinal de nossas roupas. Não, não podia ser verdade, nossas roupas desapareceram e agora eu teria que permanecer naquela ilha do pecado, peladão, junto ao bando de devassas avassaladoramente lindas, todas elas nuas como vieram ao mundo!


Quando deixei a civilização para evangelizar os nativos, eu estava preparado moralmente para enfrentar as piores dificuldades, mas aquilo era impossível. Nunca imaginei que o destino poria minha castidade à prova de tal maneira, com tamanha perversidade e apresentando-me essa provação dos infernos.


Afastei-me durante o dia para meditar. Eu não me recordava lá muito bem do que havia acontecido, mas era muito provável que houvesse pecado. Aliás, dizer que pequei é pouco…


Eu devo ter chafurdado na lama da depravação, metido o pé na jaca da libertinagem, jogado toda a água para fora da bacia do bom-senso e me corrompido nos assuntos mundanos da carne junto a aquelas pagãs tesudas e provocantes, com seus corpos magros de barriguinhas chapadas, suas bundas e peitos oferecidos e seus sexos depilados especialmente para a perversão!


Passei o dia em jejum e oração, mas, ainda assim, não parecia suficiente para expiar os pecados que provavelmente cometi na noite anterior. Não, eu devia ter conspurcado meu corpo, possivelmente havia feito sexo com todas elas, mas de uma vez, quem sabe até praticara a mais terrível das prevaricações, o inominável sexo anal - e ainda por cima acho que foi com mais de uma delas, com umas três quiçá!


Conclui não haver mais perdão possível para mim, eu me perdera definitivamente.


Ao pôr do sol, decidi que poria um fim naquilo. Eu fui testado e presumivelmente falhei. Não me restava mais nada, minha dignidade foi perdida junto com minha castidade. Que moral teria eu para evangelizar alguém a partir dali? Como poderia eu impor os bons costumes aos pagãos, se eu mesmo fracassei rotundamente em mantê-los?


Com o sol deitando-se no horizonte, escolhi um penhasco dando ao mar e me acerquei à beirada. As ondas arrebentavam lá embaixo com violência. Esse seria meu fim, uma maneira de abdicar de toda a devassidão que me assolaria caso eu decidisse permanecer mais tempo junto às enviadas do inferno que não possuíam outro motivo que me fazer pecar, avacalhando com minha determinação.


Contudo, justo quando estava prestes a saltar, vislumbrei no céu um helicóptero vindo em minha direção. Aquilo só podia ser um sinal divino! Eu seria salvo, não precisaria mais ficar com aquelas pagãs na praia deserta e, considerando ser um indicativo dos céus, eu estaria perdoado do que eventualmente aconteceu na noite anterior para voltar à retidão do meu caminho! Sim, muita fé e castidade em prol das almas ignorantes e puras! Ôba!


Fomos resgatados, para minha imensa felicidade. O piloto do helicóptero falava português e me explicou que aquele grupo de jovens lindas eram as finalistas do concurso de Miss Dinamarca. Ao que aparenta, esse é o único concurso do tipo que aplica provas radicais de sobrevivência às candidatas - elas estavam justo indo para esta competição quando o barco afundou. Enfim, elas nem haviam se dado conta de que o naufrágio era de verdade!


Aquilo me fez refletir ainda mais. Se eu passara por tudo aquilo, era porque necessitava aprender algumas coisas. Ter essa experiência de quase morte, ser tentado e provocado, mas ainda assim tentar resistir - é sério, eu bem que tentei, vocês viram!. Ser subjugado por fêmeas devassas e viver a dúvida da carne, terminar cedendo à tentação, só para ao final ser resgatado e sentir-me redimido. O que eu poderia deduzir de tudo isso?


Creio que entendi, finalmente, que o amor não é somente preservar-se em prol dos outros: o amor também é doar-se para os outros, por mais que nos custe o sacrifício que exigem!


Imbuído dessa nova perspectiva, após um par de dias eu finalmente consegui alcançar meu destino. Aquela outra ilha distante no pacífico onde viviam os nativos a ser evangelizados era ainda mais bonita - e muitíssimo mais remota, longe de tudo e de todos.


Agora bem, o pessoal que me enviou até lá poderia ter me prevenido de alguns pequenos detalhes muito importantes. A tribo estava praticamente em extinção porque já não havia mais homens, de forma que restavam somente umas cinquenta mulheres. Como as mais idosas tiveram que ser retiradas para tratamentos médicos no continente, todas as mulheres restantes eram tão jovens quanto as náufragas dinamarquesas.


Ainda por cima, seus hábitos culturais não correspondiam ao panfleto informativo que me deram: A mulherada não entendia nada de português e falava um dialeto incompreensível. Para piorar, só andavam nuas em pêlo, em qualquer lugar, executando qualquer atividade, o tempo todo - imagino até que elas nem sabiam o que era uma roupa.


Não fosse meu pequeno estágio involuntário com as candidatas a Miss Dinamarca, eu nem sei como teria sobrevivido, pois, logo no primeiro dia, houve uma cerimônia ritual de boas-vindas onde me deram para beber um destilado de raízes, com muita cantoria e dança ao redor de uma fogueira na mata.


No dia seguinte, acordei nu na praia, acompanhado de umas três nativas de peitos pontudos e pele morena, com bundinhas rígidas sem nenhuma estria e sexo completamente depilado. E assim foi por vários dias, mal dava tempo de me dedicar à evangelização, pois aquelas selvagens necessitavam de muita doação de minha parte, o que fiz durante toda a minha estadia ali - por mais que me custasse o sacrifício!


Quando por fim retornei à civilização, eu era um outro homem e possuía uma nova consciência sobre os desígnios divinos. A primeira coisa que fiz foi viajar à Dinamarca, afinal, precisava agradecer às minhas salvadoras por terem me ensinado aquelas habilidades tão úteis que, por fim, livraram a tribo das nativas do pacífico sul da extinção!

*Publicado por Bayoux no site promgastech.ru em 03/11/24. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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