A fraqueza da alma é a carne

  • Publicado em: 11/03/18
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  • Autoria: caa
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- Eu tenho uma pessoa. Estamos juntos há quatro anos e eu nunca vacilei com ela.




Foi isso que ele me disse com uma de suas mãos sobre de minha perna e um olhar de culpa e vontade. Eu sabia que ele queria, caso contrário, não terí­amos deixado a festa e ido para o carro dele. Porém, ele negava para si mesmo seu desejo à medida que me provocava e me fazia ficar mais excitada. Percebi que era errado. Estávamos errados. Eu também tinha alguém, mesmo que fosse um recém relacionamento aberto, eu tinha alguém. Falei sobre minha situação e ele pareceu saber o que estava fazendo por um segundo, mas, no outro, o sentimento de culpa voltava.




- Como você se sente ficando com uma pessoa que você sabe ser comprometida? Isso não te incomoda?




Não tinha parado pra pensar nisso naquele momento. Estava convicta de queria beijá-lo quando nós estávamos dançando na festa (convicção esta que foi sustentada pelo álcool ingerido ao longo da noite). Mesmo não tendo pensado sobre, a primeira resposta que me veio à mente foi que sim, me incomodava sim eu beijar alguém comprometido. Isso é traição. Pelo menos foi o que aprendi ao longo da vida: quando uma das partes, dentro de um relacionamento monogâmico, beija uma outra pessoa, isso se configura em traição. Já havia refletido muito sobre estereótipos e definições de traição e, inclusive, para mim, acontecia quando essa terceira pessoa começasse a ter influências no relacionamento monogâmico, a ponto das preferências, prioridades e satisfações que um deve ao outro ficasse desfalcado e as dúvidas sobre o sentimento ali cultivado começassem a aflorar. Não, não estou dizendo que beijar outras pessoas mesmo estando num relacionamento fechado não é traição. Mas penso que a vida é feita de momentos e nós selecionamos os momentos mais significativos para continuar vivendo. Monogamia é utopia. Nós, seres humanos, não temos controle de nossos desejos, de nossos instintos, principalmente sexuais. Pensamos ter, aliás, tentamos. Num ou noutro momento, iremos falhar e, certamente, nos afogaremos na culpa e no sentimento de fraqueza. Também, todas as outras vezes que resistimos por vontade própria e respeito a quem está ao nosso lado serão anuladas e seremos lembrados por esse deslize. Parece que os erros nos definem mais que nossos acertos. Seria o caráter construí­do pela falha? Obviamente não o respondi dessa forma. Comentei, de forma bem capenga, sobre a questão do "intruso" não influenciar a vida do casal. Talvez tenha sido mal interpretada naquela hora, mas não foi suficiente para fazê-lo parar de percorrer a sua mão pela minha perna em direção à minha virilha. Estávamos sentados nos bancos da frente de seu carro, de frente um para o outro e com nossas bocas bem próximas.




- Quero testar uma coisa, posso?




Fiz que sim com a cabeça e ele chegou com seus dedos na minha vagina, por cima da calcinha. Começou a fazer movimentos carinhosos naquela região e, logo em seguida, com um de seus dedos, empurrou levemente a calcinha para o lado e encostou ali na entrada. Eu estava totalmente molhada e ele percebeu isso. Penetrou um dedo e não consegui deixar de soltar um gemido baixo. Outro dedo. Outro gemido e um suspiro. Sorriu com uma cara de quem não queria sorrir e disse que sim, conseguiria. Imaginei que estivesse se testando para saber se conseguiria tocar outra mulher que não a sua, uma mulher que acabara de conhecer numa festa, por meio de um amigo em comum. Uma mulher com quem já havia trocados olhares intensos e dançado com perfeito encaixe entre os corpos. Embora houvesse resistência, ele conseguiria.


Começou a me masturbar de uma forma que nenhum outro homem havia feito antes: penetrando dois dedos e, com outro dedo, acariciando o clitóris. Ele sabia onde achá-lo e, melhor ainda, sabia como estimulá-lo. Não demorou para que eu desse sequência aos gemidos, estes que vinham involuntariamente, quero dizer, naturalmente. Que sensação maravilhosa! Coloquei minha mão em sua nuca e o puxei para beijá-lo. Ele virou o rosto. Fiz uma cara de quem não entendeu o motivo da esquiva e ele, imediatamente, olhou para mim com uma expressão safada, boca um pouco aberta seguido de uma lambidinha nos lábios inferiores. Me masturbou com mais intensidade e comecei ir à loucura. Ele estava me provocando. Relaxei o corpo e fiquei sentindo aquele toque delicioso. Era profissional. Coloquei minha mão em sua coxa, direcionando em seu pênis. Estava duro. Mal deu tempo de sentí­-lo mais um pouco, ele tirou minha mão dali e colocou em sua nuca, aproximando, novamente, seu rosto do meu. Mais uma vez não entendi. Sorriu daquele jeito e, sem parar de me masturbar desde o í­nicio, perguntou se eu sentia tesão nele. Respondi com um sim bem intenso. Em seguida, perguntou se eu gostaria de sentir seu "pau" dentro de mim. Balancei a cabeça que sim, já indo pra cima dele. Nesse momento, com sua outra mão, pegou meus cabelos por trás e puxou na direção oposta a que eu estava indo e me disse "eu não te ouvi; você quer sentir meu pau dentro você?". Respondi, novamente, balançando a cabeça que sim e, de novo, ele deu um leve puxão para trás em meus cabelos e me pediu para falar. Nessa hora, começou a passar seus lábios no meu pescoço, o que me fez arrepiar muito. Nessa mesma hora, falei alto e ofegante que sim, que o queria dentro de mim. Tentei beijá-lo de novo logo após isso e, mais uma vez, ele desviou de minha boca e disse que queria me fazer gozar, mas que não poderí­amos continuar. Tirou suas mãos de mim, se encostou no banco e ajeitou seu pênis por cima da calça.


Não satisfeita em não tê-lo beijado ainda, disse que poderí­amos parar, mas que queria muito um beijo dele. Ele riu com um leve deboche e disse que eu era insistente. Permaneci o encarando e suspirando. Olhou para frente, fez que não com a cabeça algumas vezes como quem estava refletindo o que tinha acabado de acontecer e estivesse se martirizando pelo erro. Me disse que gostaria muito de transar comigo ali mesmo, que tinha certeza que seria um sexo maravilhoso e, talvez, o melhor de nossas vidas. Falou, também, que estava com muito tesão em mim, que tinha me achado linda e que se estivesse solteiro, não pensaria duas vezes antes para ficar comigo e transar ali mesmo. Permaneci o encarando da mesma maneira, sem dizer nada. Aí­ ele falou que se eu quisesse mesmo sentí­-lo dentro de mim, para sairmos do carro e irmos para o outro lado do local que estava estacionado. Nesse momento, um fluxo racional me invadiu, fazendo questionar tudo o que estava acontecendo ali, o quão errado era aquilo. Pedi um minuto para pensar e, em seguida, disse que, pensando de forma racional, deverí­amos parar ali e voltar para a festa, até porque a esse tempo o pessoal já poderia ter notado nossa ausência. Então ele disse "mas é rapidinho, vamos?". Tentador demais, mas mantive minha opinião. Ele percebeu minha mudança drástica e pediu desculpas, dizendo que só estava fazendo comigo o que faria se estivesse solteiro. No momento não prestei muita atenção em suas próximas palavras, pois realmente estava preocupada com o tempo em que estávamos fora da festa e em como eu iria fazer para cortar aquele tesão. Mas ele disse algo parecido com "eu e minha namorada nunca fizemos isso". Imediatamente, olhei um pouco assustada pra ele e pensei "o quê? Eles nunca transaram?". Tentei perguntar, mas não sabia como, aí­ só disse "vocês... nunca?". Ele fez que não. Ficamos nos encarando. Eu chocada.


Nesse mesmo instante, perdi o pouco do momento "racional" que estava tentando resgatar ali e fui tomada por uma vontade de transar novamente. Meu impulso foi, MAIS UMA VEZ, tentar beijá-lo. Ele colocou sua mão em minha bochecha, freando o movimento e dizendo "você REALMENTE quer me beijar, não é? Por quê?". Disse que ele era bonito (realmente era), que estava me sentindo muito atraí­da por ele (muito verdade) e que ele me dava tesão. Nesse instante, refleti, rapidamente, sobre seu fí­sico. Homem de estatura média-alta, corpo atlético, pele negra pouco retinta e cabelo black. Era muito bonito e atraente. Continuei o encarando. Parece que o "convenci". Disse que me daria um beijo. Foi se aproximando e, finalmente, nos beijamos. Um beijo que começou tí­mido e foi esquentando... ele voltou seus dedos por dentro de minha calcinha e começou a me masturbar novamente, penetrando, desta vez, três dedos e estimulando meu clí­toris na medida certa. Agora, passou a mão, também, em meus peitos, dando apertões (alguns leves e outros mais fortes, que me fizeram sentir dor, mas uma dor boa, pois fiquei mais sensí­vel nesta região do que já estava). Ele se concentrou no ritmo da penetração, falando que queria me fazer gozar muito. Fui invadida por todas as vontades de antes e, de novo, ele deu a ideia de darmos uma rapidinha ali fora. Estava prestes a aceitar, quando pedi, gemendo e ofegante, pra ele parar e que era melhor não dar sequência ali, senão eu não conseguiria me controlar. Nesse momento, acredito que o lapso racional deve ter o invadido, pois parou imediatamente. Me ajeitei ali no banco e, alguns segundos depois, alguém começou a bater na porta do lado de fora do carro. Não conseguimos ver quem era de primeira, pois os vidros estavam embaçados de nossas respirações ofegantes. Mas eram nossos amigos.


Ele abriu a porta, já dizendo que não havia acontecido nada e eu desci, do outro lado, confirmando. O pessoal estava muito preocupado e perguntou o que estávamos fazendo. Pouco antes de tudo isso começar, quando o abordei na pista de dança, concordamos que não contarí­amos nada a ninguém, que se alguém perguntasse, negarí­amos tudo. Assim, contei como fomos parar ali, modificando algumas informações para fazer sentido de que não havia acontecido nada. Obviamente gaguejei um pouco e me enrolei, mas a galera estava tão nervosa e preocupada com esse sumiço que não prestaram atenção na história e pediram para entrarmos. Foi uma confusão ali, a consciência pesada nos atingiu em cheio naquele momento, nada foi resolvido e tenho quase que certeza de que fomos julgados internamente pelo pessoal. Consegui explicar a situação a uma amiga que, por sua vez, conseguiu tranquilizar a outra que estava bem chateada conosco. Dentro do salão, nos encaramos mais uma vez, ambos com um olhar de culpa. Disse a ele o que havia explicado e ele concordou com a versão. Não nos despedimos. Cada um seguiu seu caminho. Todos acreditaram em nossa palavra e a chateação passou, porém, somente nós dois teremos que lidar com a carga psí­quica de ter feito tudo o que fizemos. E sem ter o contato um do outro. Para sempre.





(História verí­dica)

*Publicado por caa no site promgastech.ru em 11/03/18. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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