Os Animais Chifrudos e a Diversidade do Rebanho

  • Temas: Espécies de cornos, exemplos de situações reais.
  • Publicado em: 18/03/25
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  • Autoria: PNoel
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Tive um professor na faculdade que, certa vez, conversando com a minha turma sobre a questão do adultério, comentou algo que nos fez rir. Mas, depois. Eu me dei conta de que, talvez, ele não tenha dito aquilo como um gracejo e, realmente, entendesse a coisa daquela maneira:


— Se um homem não sabe que a mulher dele o trai, ele não é corno. Só será corno se souber e não tomar nenhuma providência, aceitando e mantendo aquela situação.


Na verdade, o que penso sobre o assunto é o contrário disso. Se a mulher trai o marido, ainda que o marido não saiba, ele será corno do mesmo jeito! Só que, se ele souber e se acomodar com aquela situação, além de chifrudo, também será um corno conformado ou um corno manso e convencido!


O conformado apenas aceita a sua condição, fingindo que não sabe o que a mulher apronta pelas suas costas. Pois acredita que, assim, não se sentirá desmoralizado; diante dela e de quem mais souber da bagaça que ela está aprontando com ele. O manso, ao contrário, sabe e assume saber da sua condição de corno e — nos casos mais escancarados — até aceita que a mulher o submeta a situações vexatórias, na frente dos próprios comedores ou de alguns amigos do seu círculo mais íntimo. Como, por exemplo, ficar flertando abertamente com outro macho, na presença do marido.


O fato é que muitos casais curtem isso, que chamam de “casamento aberto” (na maioria das vezes, aberto só para a mulher). E alguns homens, depois do susto inicial, do choque e do sofrimento moral que experimentam, ao descobrirem que a sua mulher lhes plantou uma galhada na cabeça, começam, também, a sentir algum prazer com aquilo, encontrando, na situação, uma nova motivação para apimentar a seu casamento.


Mas, ao contrário do que muita gente acredita, os chifrudos não são todos do mesmo tipo. E podem ser divididos em diversas classes, a partir de certos fatores. Como o merecimento, a tolerância, o grau de submissão, o acolhimento do comedor em seu ambiente familiar e o tempo de permanência com aquela peruca de touro.


É injusta e incorreta, portanto, aquela conhecida máxima de que “para um corno, todo sofrimento é pouco”. Porque, para cada tipo, há um sofrimento ou prazer (em muitos casos) específico, já que não se pode comparar a inexperiência de um corno novo — cuja namorada está dando para um amigo dele — com a malícia de um corno velho, cuja parceira lhe mete a galha há décadas e ele ainda concordou em assumir a paternidade de dois filhos, que um prestativo vizinho enxertou nela. Pois, apesar disso tudo, o cornão ainda a apresenta aos conhecidos, dizendo, de maneira respeitosa: “esta é a minha senhora...”.


Basicamente, os galhudos se dividem em três grandes grupos: 1º) Os que realmente não sabem e nem desconfiam ainda (mas, algum dia, fatalmente, acabarão descobrindo). 2º) Os que já sabem, mas fingem não saber (e neste grupo é que estão os cornos conformados, que sofrem com os chifres, mas não querem perder a mulher). 3º) Os que sabem, admitem e se assumem como chifrudos perante a adúltera, os amigos, os conhecidos e, não raras vezes, diante de sua própria família também.


No correr dessa vida, já conheci chifrudos dos três tipos; inclusive, um caso em que o marido e o comedor, a quem o corno chamava de “compadre”, compartilhavam a mulher do primeiro, dentro da casa dele, às claras e diante dos filhos do casal. Quem me contou sobre como funcionava a coisa naquela família, foi um amigo, que namorava uma das filhas do casal.


Às vezes, enquanto o marido cochilava deitado numa rede da varanda, a mulher e o “compadre” se trancavam no quarto deles, que ficava na parte de cima da casa. E só desciam mais tarde, de banho tomado e cabelo molhado, assim, sem o menor constrangimento. O mais engraçado, é que, nem aos filhos do casal, aquilo parecia incomodar. Enquanto o papai dormia, a mamãe entrava na rola do “compadre comedor”. Mas tudo de forma muito civilizada, porque, necessário mencionar, era uma família socialmente respeitada!


Agora, distribuídas entre esses três tipos básicos, existem muitas variações, nas quais se podem incluir os cornos, numa classificação geral. E só para lembrar, aí vão alguns:


1. O corno por presunção – que é aquele sujeito ciumento e inseguro, que desconfia da esposa e acha que está sendo traído por ela. Vive tenso, ressabiado, achando que a mulher está dando prá outro e que ele é chifrudo. Na verdade, ele não é ainda, mas, de tanto atormentar e infernizar a vida dela, corre o risco de, em algum momento, acabar sendo mesmo.


2. O corno inocente – aquele que realmente é corno e (ainda) não sabe, porque a prevaricadora é astuta e age com a maior cautela. Ela sabe como armar um álibi, para cada vez que marcar um encontro com o outro. E tem desculpas preparadas para qualquer contratempo que aconteça. Apesar disso, em algum momento ele irá descobrir. Porque sempre aparece um filho da puta para contar!


3. O corno conformado – é o que sabe, mas finge não saber, porque não tem a coragem de largar a mulher, e também não quer passar como corno manso. Quando ela sai para algum encontro (o que ele percebe, pela forma como a infiel se produz e escolhe a roupa de baixo) ele sofre, mas também se excita e se masturba, imaginando o que ela estará fazendo na cama com o outro.


4. O corno manso ou convencido – é aquele que é, que sabe e assume ser corno diante da própria vagaba, dos amigos e dos conhecidos do casal. Nesse grupo é que estão aqueles cornudos que assistem, participam, ajudam e registram as trepadas da mulher com o amante, em vídeo ou em fotos. E depois vão rever as cenas, enquanto se masturbam ou são masturbados pela própria adúltera, como forma de agradecimento por serem tão passivos e aceitarem os cornos!


5. O corno humilhado – é uma exacerbação da categoria de corno manso, porque, além de saber, assistir e fornecer o apoio logístico, muitas vezes, tem que preparar e servir os drinks ao casal, colocar a camisinha no comedor e limpar a mulher e o amante ao final da foda. Quando chega nesse estágio, a cornitude já está no limiar do sadomasoquismo, com o galhudo usando calcinha e coleira, além de chamar os fodedores de “senhor” e “senhora”, como demonstração de subserviência.


6. O corno ultra manso – que é outra forma de exacerbação do tipo e se materializa naquelas situações em que o marido assume a sua condição de cornudo dentro de casa, diante dos amigos e dos filhos, conforme o exemplo mencionado anteriormente. Mas a situação máxima, nesta hipótese, é quando o chifrudo aceita que o amante engravide a sua mulher, para que ele assuma a paternidade, registre o filho e o crie como se fosse seu, embora sabendo que não é.


7. E, para finalizar, o corno revoltado – que é o extremo oposto do corno manso. Porque, quando descobre que a mulher o está chifrando, faz escândalo, reúne provas do adultério, que mostra para todos os conhecidos, amigos e parentes do casal — criando um constrangimento para todo mundo — porque imagina que, desse modo, irá desmoralizar e desqualificar socialmente a adúltera. Não funciona assim. Com o tempo, as pessoas não darão mais importância ao que ela fez, mas ele sempre será visto como um corno ridículo e escandaloso.


Convivi com um desse tipo, também. Desconfiado de que estava sendo traído pela mãe de sua filha, contratou um investigador particular, que reuniu várias provas e evidências do adultério. Inclusive uma série de gravações dos telefonemas trocados entre a esposa e o amante.


Pois o chifrudo se deu ao desfrute de fazer uma edição daquilo, juntando toda a parte sexual das conversas numa única fita cassete. E, munido de um gravador portátil, que levava a tiracolo para onde quer que fosse, acionava a gravação para todo mundo ouvir a prova da traição de sua mulher (amigos, familiares ou apenas conhecidos do casal), sempre criando um embaraço, para quem era obrigado a escutar, pelo menos, as partes mais explícitas das gravações.


Quando ele me mostrou aquela prova de que ele era um “corneteiro juramentado”, ponderei que não valia a pena tratar a situação daquela maneira. E que o melhor, se pretendia usar aquilo contra ela, seria deixar o material com um advogado, para não se expor daquele jeito. Mas ele reagiu contra a minha sugestão:


— Coisa nenhuma! Eu quero, mesmo, é desmoralizar aquela vagabunda! A minha vontade é alugar um carro de som desses, botar a fita para rodar, na maior altura e eu lá em cima, usando um chapéu daqueles de viking, com dois chifres grandes na cabeça!


Precisei me controlar para não rir, porque comecei a imaginar o ridículo da encenação pretendida por ele. E não sugeri mais nada. Pois o certo é que, em matéria de chifre, a sociedade costuma ser mais condescendente com a mulher que corneia, do que com o homem que é corneado. Porque a traição dela, depois de algum tempo, acaba caindo no esquecimento das pessoas. Mas a pecha de corno, continuará a perseguir o chifrudo, por muito mais tempo!


Então, o melhor que ele tem a fazer é resolver o assunto, apenas, na esfera da intimidade do casal. Ele se separa ou ele perdoa e continua com ela; finge que não sabe ou que ainda não descobriu. Ou — também pode ser por aí — talvez descubra que sente tesão em assistir o cara comendo a “dadivosa”.


Como vemos, no que se refere a esses animais chifrudos, é grande a diversidade do rebanho! Mas, se existe um bicho chato é o tal corno escandaloso, daqueles que gostam de dar espetáculo e anunciar para o mundo que lhe plantaram uma galhada na cabeça! E para esse tipo de corno, sim, é que “todo sofrimento é pouco!”.

*Publicado por PNoel no site promgastech.ru em 18/03/25. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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