Ensina-Me A Viver, 2
- Temas: Hétero
- Publicado em: 08/03/23
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- Autoria: Larissaoliveira
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Depois de tomar e quebrar o celular de Milka, o homem adentrava com o carro cada vez mais. A estrada de terra continuava, e depois, mudava para outra, e depois outra, e parecia ser sem fim. Já não haviam nem casas, nem ninguém. Estavam tão longes que às vezes a estradinha fechava, com o mato tomando conta de tudo.
Milka nunca sentiu tanto medo em sua vida. O maldito queria dinheiro, era apenas isso. Seu pai pagaria o valor e ela estaria livre. Ela sabia que seu pai a livraria o mais rápido possível. Dentro de algumas horas tudo estaria resolvido. Agora mesmo deveria haver uma equipe inteira atrás dela, inclusive com os melhores especialistas que o dinheiro pode pagar. O prefeito, o governador. Todos comprometidos a resgatá-la. Não precisava temer, ela pensava.
- Moço…
Ele continua dirigindo, sem nem mesmo olhar pelo retrovisor
- Moço, não precisa disso, meu pai vai pagar o resgate, eu posso falar com ele e tornar tudo ainda mais fácil
Nem uma palavra
- Por favor - ela começa a querer chorar -, eu só quero voltar pra casa, não vamos te negar nada, eu juro.
- Seus pais? rs - um sorriso macabro se abre - Seus pais estão mortos, Milka
O tempo para. Milka estava gelada, suas pernas estavam bambas.
"Não, não, não pode ser… meus pais…"
A imagem de seus pais mortos pesava na mente de Milka toneladas
- O… o quê? Meus... meus pais? Moço, por favor, não, meus pais, não, por favor! - ela desaba em choro
"Vadia do caralho, trata os pais como lixo e agora fica com remorso… Tsc!"
"Eu preciso sair daqui, esse homem vai me matar, eu preciso sair…"
Alguns minutos depois, ela tenta se recompor:
- Eu quero fazer xixi, por favor
- Se fizer, vai ficar mijada o trajeto inteiro
- Eu… moço, por favor, estou muito apertada! Quem… quem você pensa que é!? - ela não consegue se segurar - ME DEIXA SAIR! ME DEIXA SAIRRR. QUEM VOCÊ PENSA QUE É!??? - desesperada, ela começa a bater no vidro e tentar abrir o carro.
Então ele para o carro.
Ele abre a porta e sai. Bate a porta. Lá de dentro do carro, Milka pode ver ele retirando o cinto de couro. Em seguida, ele abre a porta de trás.
- Sai pra fora! - com a maior rispidez
- Ãhn? Não, você vai me machuc…
Ele enfia a mão e pega Milka pelo cabelo, a puxando sem a menor consideração.
- Aaaaiiiiii - ela segue o puxão, sentindo uma dor horrível no couro cabeludo
Ele a puxa bruscamente, até que ela caia do banco, direto para o chão de terra.
Milka cai de lado, de corpo inteiro. E assim que cai, leva a primeira cintada, com o máximo de força, no meio das costas, VLAPT!
- AAAAIIIIII, AAAAIIII, PARA, PARA! PARA! POR FAVOR!
- Mija!
- Não, por favor, não estou mais com vont…
- MIJA! SUA PUTA DO CARALHO! VOCÊ NÃO QUERIA MIJAR? AGORA MIJA! ANDA! - e levanta o cinto como se fosse dessa vez golpeá-la diretamente no rosto
- Eu… eu… tenho vergonha e… - e ela não consegue concluir a frase, porque o cinto já estava em sua cara, PLAFT!
Dor. Dor. Era como se seu rosto fosse explodir. Milka chorava desesperada no chão, com as mãos esplanadas no rosto, chorando até perder a respiração.
- Eu vou contar até três. Eu quero que você comece a mijar. Olhando pra mim. Se você não mijar agora, eu vou te bater com a fivela.
Havia tanta verdade no olhar daquele homem, e tanto ódio, que Milka não tinha mais coragem de dizer qualquer coisa.
- Um… - ele começa a contar
Ela imediatamente se agacha
- Levanta o vestido, quero ver.
Ela queria muito pedir para ele não olhar, mas não havia mais coragem. Milka tremia da cabeça aos pés.
- Fica de cócoras, mija!
De cócoras, ela sobe o vestido branco, ao ponto de revelar que o tempo todo estava sem calcinha. Aquele homem podia ver aquela buceta jovem, depiladinha, só com uma tirinha de pêlos, enquanto ela segurava o vestido na altura do umbigo. O xixi descia, respingando do solo nos tornozelos de Milka. O cheiro de urina toma o ar e ela termina.
Milka estava arrasada. Não conseguia olhar nos olhos daquele sequestrador, por medo e por vergonha.
- Entre no carro, agora, sua puta.
Ela nada diz, apenas obedece. O homem continua do lado de fora. Ele vai até a frente do carro, quase sentando no capô, acende um cigarro e fuma com calma. Nunca prometeu devolver Milka sem cicatrizes, ele pensa. Ao término do cigarro, ele entra de volta no carro.
- Não está esquecendo nada, Milka?
- Eu… não - soluçando, o rosto cheio de lágrimas e poeira seca
- Não mesmo?
- Eu… não sei, eu juro
- Você pediu pra eu deixar você mijar, não pediu?
- S… sim
- Eu deixei, não deixei?
- Deixou - ela engole seco
- E você não sabe dizer obrigado?
Ela demora uns segundos pra dizer:
- Obrigada
O carro avança. Horas se passam e não havia o menor sinal de civilização. Por outras várias vezes aquele homem teve que sair do carro, com um facão e até com uma mini-motosserra para cortar eventuais galhos que cruzavam a estreita e já quase inexistente estradinha. Pelo tempo de locomoção, Milka considerava que provavelmente já nem estejam mais no Rio de Janeiro.
Depois de mais uma parada, Milka ousa perguntar:
- Meus pais… eles…? Por favor, só me diga isso, eu estou muito aflita
- Você quer saber o quê? Como seu pai gritou igual a um porco com as facadas que eu dei na barriga dele? Ou como era o olhar da sua mãe, apavorada enquanto era arrastada pelo carro no asfalto?
Milka estava atônita. Era como morrer por dentro. Seus pais não mereciam aquilo. Se ela pudesse voltar no tempo, se ela pudesse…
"É uma vadia mesmo… Você vai aprender a valorizar o que tem, sua biscate".
O sol estava quase se pondo, quando eles chegaram ao casebre abandonado no meio do nada. Era pequeno e tenebroso. Era tão velho que provavelmente haveria tanto mato lá dentro quanto fora.
Ele sai do carro e abre a porta para Milka, que nessa hora o surpreende, usa toda sua força e o empurra, o desequilibrando. Milka corre descalça no meio do mato, gritando por socorro, tentando chegar sabe-se lá onde, já que o que havia depois era apenas densa floresta.
O homem se levanta, bate no terno para tirar a poeira e depois segue por onde ela havia ido.
- Ninguém pode ouvir, Milka. Eu vou contar até três. Se você voltar agora, vou te levar pra dentro, você terá água e sopa. E não vou te bater. Olha só, você foi desobediente e eu não vou te bater! Uau! Mas, se você não voltar, eu vou te pegar… e você vai se arrepender. Olha como está escuro, Milka rsrs. Você vai fazer o que nessa floresta? Vai ser picada por uma cobra… Bom, vou começar a contar: Um… Dois…
- Você tem que prometer que não vai mais me bater! Por favor! - ela diz, não longe dali
- Não, isso não vou prometer. Você provavelmente vai apanhar muito de mim, Milka. Mas eu prometo que você não vai apanhar agora, dessa vez. … Três!
Ela sai de trás de uma árvore, de cabeça baixa
"Filha da puta, bonita pra caralho, tinha que ser uma pessoa tão nojenta?"
- Me siga.
Os dois seguem em direção ao casebre. Milka pensa milhares de coisas. Para onde fugiria? Nem caminho havia. Por muitas horas de carro não viu ninguém, o que poderia fazer à pé? Estava faminta, com sede e muito fragilizada.
Ele abre a porta e acende umas lamparinas, revelando que lá dentro tudo estava em ordem. Não havia beleza, era tudo extremamente simples, o chão era de cimento, as paredes pintadas com cal, mas pelo menos não tinha mato. As lamparinas garantiam uma boa iluminação.
- Entre, aqui será sua nova casa, Milka
Era de gelar os ossos ouvir algo assim. Os cômodos eram basicamente uma sala, um quarto pequeno e uma cozinha mal feita. O banheiro era exterior e havia ali fora também um poço. Fora isso, havia uns paus presos ao chão, que deveriam ser um varal. Nada mais.
- Tem tudo o que você precisa, agora se vira. Eu vou dormir no meu carro e comer minha própria comida. Até amanhã.
Ele sai e não fecha a porta. Afinal, para onde ela poderia ir?
*Publicado por Larissaoliveira no site promgastech.ru em 08/03/23. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.