Conto: O Veredicto - Parte 3

  • Publicado em: 31/12/17
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  • Autoria: chriswryter
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Capí­tulo 8




Heitor estava no quarto do hotel conversando com Duarte ao telefone. O jovem explicava ao sócio majoritário que estava a par das novidades.


"Eu estou indo para o tribunal. Já preparei todas as minhas coisas. Sim, eu vi as notí­cias de que o filho de Júlio Salomino foi morto em um tentativa de assalto ontem. Como ele não possuí­a nenhum parente próximo, estava sob os cuidados de uma assistente social e quando ambos voltavam da escola, foram atacados... Sim senhor, terei que pensar em algo novo."


Heitor desligou o telefone, eram onze horas, a sessão começaria à uma. Ele tinha duas horas para chegar até o fórum.


Ainda tenho tempo de sobra.


Sentou-se na cama do hotel, à sua frente uma pasta guardava os arquivos de provas contra Júlio. Haviam anotações, formulários, números telefônicos, ele porém, se concentrava nas fotos do réu. Eram retratos de quando Júlio tinha fundado sua primeira empresa. Em uma das fotos o empresário estava sentado ao lado de sua mulher. O homem apoiava sua mão esquerda sobre a da esposa enquanto assinava com a outra um contrato de inauguração. Em outra, um pouco mais apagada pela ação do tempo, Júlio aparecia mais uma vez de mão dadas com a esposa e segurava em sua mão direita uma tesoura com a qual cortava uma fita vermelha que estava colocada no portão principal da empresa. Em uma terceira, ele levantava o braço de sua mulher, como se estivessem comemorando uma vitória, em outra ainda, todos os funcionários observavam seu chefe estourar uma champanhe em comemoração. E assim as fotos prosseguiam. Heitor olhou para seu relógio, meio dia.


Vai dar tempo de chegar à sessão. Mas acho melhor ir agora.




Heitor se encontrava sentado no banco traseiro do táxi, seus olhos não se desgrudavam do trânsito ao seu redor. Já fazia um bom tempo que estava no veí­culo e a impressão que se tinha é que o mesmo parecia não ter se movido mais que alguns mí­seros metros. O tráfego não fluí­a.


"Vai demorar muito ainda para chegarmos?"


"Uns quarenta minutos."


Que droga. Algumas palavras lhe vieram à mente. Se um dia for para lá certifique-se de sempre sair com no mí­nimo duas horas de antecedência.


Eram as palavras de advertência que Naomi havia lhe dito sobre a Capital. Como fora estúpido, devia ter seguido o conselho dela. Por falar em Naomi, ele tinha a esperança de quem sabe encontrá-la no tribunal. Apesar de nunca mais ter tido nenhuma notí­cia de sua beldade e ter sofrido muito com isso, foi em uma ocasião muito parecida com essa que se conheceram. Era um caso de grande repercussão, ele enfrentou a Devoradora e o réu respondia pela acusação de abuso. Hoje, havia pequenas diferenças como: ele estava acusando e não defendendo. O julgamento seria na Capital e não no interior e por fim, no primeiro caso ele estava adiantado e nesse atrasado. Mesmo assim Naomi precisava estar lá para vê-lo ganhar o caso e colocar o réu que abusou de uma pobre criança atrás das grades. Ela ficaria orgulhosa dele.


Se demorar muito posso perder o caso. Voltou-se para o motorista. "Eu não tenho quarenta. Preciso estar em uma audiência em vinte e cinco minutos."


"Nessa hora o trânsito é sempre ruim. Estou começando a duvidar que chegaremos lá em quarenta."


"O fórum é muito longe daqui?"


"No final dessa avenida, virando à direita, o problema é que essa via é muito longa e cheia de semáforos. Deve ter uns três quilômetros e com esse trânsito da hora do almoço... Hummm, não sei não"


Quando o homem virou o pescoço para trás, se deparou com uma nota de cinquenta caí­da sobre o banco. Heitor corria pela calçada com uma pasta nas mãos.


"Fique com o troco." Gritou ele.




O jovem advogado entrou apressado no fórum, estava atrasado, se perdesse alguma parte importante da sessão poderia comprometer todas suas chances de vitória. Já dentro do prédio e faltando pouco para chegar à sala do julgamento, viu Pamela andando. Pela direção que a mulher seguia, concluiu que ambos se dirigiam para o mesmo local.


É a Devoradora. Diminui suas passadas e abriu um sorriso. Ela também está chegando agora. Pelo visto não sou o único atrasado.


Colocou-se ao lado da mulher, limpando o suor da testa com as mãos.


"Boa tarde, Pamela." Cumprimentou de um modo cortês. Afinal eram adversários no tribunal, mas isso não impedia de terem uma relação amistosa fora dele.


"Você já deveria estar na sessão para acusar Júlio Salomino." Protestou ela com um tom seco em suas palavras.


Ele tentou brincar, fazendo um gracejo enquanto suas mãos iam até a maçaneta da porta para abri-la.


"Sim deveria, mas como poderia ter tamanha falta de educação e chegar antes de minha adversária."


Ela sorriu.


"Hoje eu vim como mera espectadora."


Como assim? Está brincando comigo?


Heitor girou a maçaneta da porta e um estalo se produziu.


"Mas não é você quem vai defender Júlio Salomino?"


O objeto de madeira se abriu e ele podia jurar que ouvia uma voz familiar soar dentro do recinto.


"Merití­ssimo, não creio que devemos esperar mais, é uma falta de respeito o advogado de acusação não ter chegado ainda. Comecemos sem ele."


Pamela lhe falou enquanto a porta se abria.


"Não, da última vez que nos enfrentamos, isso só aconteceu por que a advogada de acusação chegou atrasada e eu tive que tomar seu lugar. Hoje não tem chuva." Debochou Pamela. "E ela já está aqui há muito tempo. Sua adversária hoje é Pamela Naomi Sigionari, mais conhecida como a Devoradora. Boa Sorte."


Heitor viu o juiz levantando a mão parecia estar pronto para tomar uma decisão. Ele simplesmente entrou correndo enquanto todos os rostos se viravam em sua direção.


"Esperem!" Gritou assustado.




Capí­tulo 9




Quando Heitor saiu após o final da sessão, o jovem não acreditou no que havia acontecido. Sentou-se tentando tomar fôlego e ordenar os pensamentos. Agora entendia por que Naomi ficou confusa quando ambos se conheceram e ele citou que havia enfrentado a Devoradora. Ela percebeu que ele não conhecia tal "personagem" e pensou que realmente a havia enfrentado, quando na realidade Heitor teve como oponente uma outra advogada que por coincidência tinha o nome de Pamela. E agora o jovem entendia por que um grande escritório da capital esteve envolvido no caso Homero. Naomi havia pedido por questões pessoais.


À tarde toda Heitor acusou Júlio Salomino e Naomi ou Pamela ou a Devoradora, ele já nem sabia mais que denominação usar, o defendeu. Ela que disse que jamais defenderia uma pessoa acusada de abuso. O que afinal havia acontecido?


Heitor estava louco para encontrá-la, mas não sob aquelas circunstâncias. Ao se enfrentarem ambos passaram por situações constrangedoras, embaraçosas e complicadas de se lidar. A toda hora ele encarava Naomi, e nem era pelo fato de serem adversários, mas sim pela necessidade de estar com ela mais uma vez. E sentia que a recí­proca era verdadeira. A sessão foi tão confusa e só não terminou naquela tarde porque ambos não foram consistentes em suas atuações. Um parecia estar com medo de ferir o outro. Como isto tinha acontecido?


Quando a sessão foi interrompida, devido ao horário, e prorrogada para o dia seguinte, os repórteres se acercaram de Júlio Salomino. Todos queriam uma palavra do megaempresário. Enquanto isso Heitor deixou o salão, tentando não perder Naomi de vista, no entanto sua adversária saiu por outro corredor. Ele estava com uma vontade imensa de falar com ela, eticamente não seria correto os dois conversarem, pois eram adversários e isso poderia não pegar bem. Mas Heitor estava pouco se importando para esse "pequeno detalhe". Duarte o interrompeu assim que o jovem colocou os pés fora do salão.


"Batalha difí­cil lá dentro, hein Heitor? Achei que fossemos perder, mas você foi espetacular. Andei conversando com o pessoal, e eles disseram que a coisa está muito apertada, não sabem dizer quem poderá ganhar."


"Realmente foi muito difí­cil."


"Veja, acho que talvez a única chance que temos de perder está dentro desse envelope."


"O que é isso?"


"São fotos que um detetive encontrou no apartamento da esposa falecida de Júlio."


O homem tirou uma das fotos, Heitor se fixou na imagem e levantou as sobrancelhas desconfiado. Nela Júlio brincava com seu filho alegremente.


"O que você acha?" Perguntou Duarte. "São todas com o mesmo tipo de conteúdo."


"São fotos de Júlio com o filho." Heitor olhou para um canto vazio do fórum e puxou Duarte até lá. Mirou para os lados a fim de se certificar que ninguém transitava pelo local. "Você sabe o que significa isso?" Exaltou-se mais do que pretendia. "São fotos de Júlio brincando com o filho. Isso vai contra tudo o que expomos no tribunal até agora."


"Eu sei, a esposa deve ter guardado justamente para ninguém usá-las como prova a favor de Júlio."


"Se alguém do "outro lado" pegar isso, nossa defesa com certeza será destruí­da. Vou estar no Hotel Calisto. Quero olhar todas as fotos com cuidado. Pode ser que no meio delas alguma nos ajude."


Naomi passava pelo corredor e virou o rosto, para o lado onde um homem exaltado argumentava com outro. O tom de voz de Heitor era inconfundí­vel. Mirou para as mãos dele, os dedos do jovem seguravam uma pasta. Pela primeira vez, desde que se viram, ele a ignorou completamente. Aquela atitude deixou Naomi desconfiada.




Heitor se despediu de Duarte e foi para o hotel, amanhã seria um longo e decisivo dia de batalha.




Capí­tulo 10




O jovem ainda se encontrava com a mesma roupa que usara no tribunal, estava sentado à mesa com dez fotos deitadas sobre a superfí­cie de madeira, as imagens se espalhavam aleatoriamente. Todas, sem exceção, mostravam Júlio com o filho. As paisagens ao fundo sempre exibiam campos ou montanhas. Em quase todas as fotos haviam datas escritas, revelando quando haviam sido tiradas. E o espaço de tempo era de aproximadamente um mês. Realmente esses dois se amam.


Em uma das fotos os dois soltavam pipa à beira de um riacho, onde pelo visto tinham ido acampar, pois em outra foto havia uma barraca com uma fogueira e mantimentos.


Na seguinte o par estava em um bote, enfrentando a correnteza de um rio. Em outra ainda, o menino estava sentado na perna direita de Júlio, o homem alisava o cabelo dele com a mão direita enquanto com a esquerda desenhava uma montanha e um lago com um pincel. O desenho não era muito bonito, mas chamava a atenção pelas cores utilizadas, eram muito vivas.


Na próxima a dupla se encontrava em frente a uma casa amarela, com um jardim a frente e uma garagem do lado. E assim as imagens iam mudando o lugar e as paisagens, mas sempre com os mesmos personagens.


Heitor separou as fotos de modo que pudesse ver todas ao mesmo tempo. Fixava-se nelas tentando verificar cada detalhe particular que as imagens apresentavam. Pela análise de cada figura, a única conclusão que se tirava era de um homem completamente dedicado a uma criança. Uma relação de amor, que com certeza seria incapaz de cometer qualquer tipo de abusos. Elas iam contra toda a representação que ele tentava montar contra Júlio. Heitor recordava a todo momento das palavras de Duarte.


"Se elas não nos auxiliarem, destrua todas."


Heitor pulou na cadeira, seu susto foi devido ao interfone que começou a tocar no meio da noite.


Quem poderia ser a essa hora?


O jovem não conhecia ninguém na cidade e Duarte estava em outro hotel com Estefani. O par afirmava que ocupavam quartos separados, mas quem poderia garantir que isso era verdade. Heitor pegou o interfone.


"Pois não?"


Uma voz masculina carregada de nervosismo exprimiu toda sua preocupação.


"Desculpe senhor Heitor, é da recepção, eu tentei detê-la, mas a mulher não me deu ouvidos e subiu para o apartamento do senhor."


Imediatamente o jovem correu para recolher as fotos espalhadas sobre a mesa. Colocou todas dentro do envelope e as guardou no interior do cofre que se localizava na parede da sala. Pegou um pedaço de fita adesiva e fixou um papel com a combinação do cofre embaixo da mesa, não importava onde estivesse esse costume ele trazia consigo.


A campainha tocou, uma, duas, três vezes. A pessoa que se encontrava do outro lado transmitida duas possibilidades com seus atos ou estava com muita pressa ou muito nervosa. Heitor se aproximou da entrada do apartamento, a luz do corredor acesa deixava em evidência pela fresta inferior da porta uma sombra. Quando abriu o objeto de madeira, se viu cara a cara com Naomi, que usava uma saia vermelha e uma blusa creme. Seu cabelo penteado para trás colocava um ar de seriedade em sua face enquanto um perfume doce exalava de seu corpo. Maravilhosa, foi a palavra usada mentalmente por Heitor para defini-la. Teve que conter o impulso de seus braços para que os mesmos não fossem na direção dela com a intenção de roubar-lhe um abraço. Os dois ficaram parados se encarando, em uma cena que misturava desejo, constrangimento e dúvidas.


Ele ameaçou abrir a boca para dizer alguma coisa, mas Naomi avançou com a mão levantada como se quisesse acertá-lo com um golpe no rosto. Heitor foi rápido em segurar-lhe o pulso e logo ambos se viram empenhados numa luta corporal. Ele tentava contê-la, mas a mulher obrigava-o a usar muito de sua força. O jovem bateu com as costas na porta e está se fechou, isolando os dois dentro do apartamento.


Heitor conseguiu dominá-la. Segurava-a pelas costas, prendendo as mãos dela com as suas. Como se fosse uma camisa de força que a envolvia. Naomi começou a chorar.


"Por que tinha que ser você?"


Heitor não respondeu, sabia que a pergunta não tinha uma resposta que pudesse ser explicada com algum tipo de lógica, em vez disso emendou outra.


"O que você está fazendo, defendendo aquele crápula, que representa tudo o que você mais odeia?"


"Você não sabe de nada!" Respondeu ela em meio a soluços e lágrimas.


"O que sei é que a Naomi que conheci me garantiu que jamais defenderia alguém que fosse condenado por abuso. Ela tinha princí­pios, era determinada."


"Me solte!" Gritou ela se debatendo para se livrar das garras dele. Outra luta corporal entre ambos se iniciava. Por fim Naomi se livrou e ficou frente a frente com Heitor. O jovem deu um passo adiante e mais uma vez pegou-a pelos pulsos, avançou seu rosto e suas bocas se colaram.


Naomi fazia força contrária para separá-los, mas quando a lí­ngua de Heitor invadiu sua boca, toda resistência de que dispunha foi por água abaixo, e a entrega foi total.


Beijavam-se intensamente, enquanto suas mãos que a instantes atrás trabalhavam em tarefas opostas, umas atacando e outras defendendo, agora cooperavam entre si para despi-los completamente. O tesão arrasador fazia com que não houvesse o mí­nimo de cuidado com as roupas. Naomi puxou a camisa de Heitor abrindo-a ao meio, dois botões voaram para longe do tecido e caí­ram no chão. Ele nem sequer deu a mí­nima atenção para o fato e deixando a delicadeza de lado, tirou a blusa de sua companheira, expondo o colo dela a seus olhos. Levou poucos segundos para ambos ficarem com os troncos nus. Abraçaram-se e a pele de Naomi se arrepiou ao sentir seus seios tocarem o tórax de Heitor.


Ela desceu suas mãos pelo abdômen dele e seus dedos provocaram uma tremenda excitação ao arranhar-lhe a pele. Com habilidade abriu a fivela do cinto, desabotoou a calça e desceu o zí­per. Não demorou para a vestimenta de Heitor escorregar por suas pernas.


Ele a puxou contra si e passeou com suas mãos por aquelas costas delicadas, arrancando suspiros de deleite de Naomi. Sem dificuldades os dedos de Heitor avançaram sobre o tecido da saia e abriram o zí­per da mesma. Nem precisou se preocupar em executar mais nenhum movimento, pois a peça de roupa desceu automaticamente até o chão.


Abraçaram-se, um corpo de calcinha e o outro de cueca. A peça masculina guardava um volume rí­gido e longo dentro de si, só evidenciando o fervor que o órgão experimentava.


Naomi fixou-se nos olhos a sua frente que a devoravam com desejo. Suas mãos seguiram um percurso ousado e pararam em cima do monte na cintura de Heitor. Seus dedos acariciaram aquela forma enrijecida que ela tanto desejava. Sem desgrudarem a vista um do outro ela segurou as 'extremidades' da cueca de Heitor e o jovem observou os olhos de sua diva saí­rem de sua linha de visão. Ao se abaixar a mulher levou junto consigo a peça í­ntima que segurava. Naomi passou com o rosto em frente ao membro ereto de seu companheiro e soltou um suspiro mais prolongado. Heitor retesou os músculos das pernas ao sentir o ar tocar-lhe a pele. Após deixá-lo nu, Naomi agarrou-lhe pela parte traseira das coxas e beijou-lhe o joelho, começou a subir arrastando sua lí­ngua pela frente da coxa de Heitor, enquanto seus dedos subiram até a bunda do jovem. Ela apertava-lhe as nádegas com vontade e ficava satisfeita ao perceber que a respiração dele se intensificava. A mão direita de Naomi se afrouxou e suas unhas vieram acariciando-o até chegarem as bolas dele. A partir desse momento Heitor sentiu o carinho que aqueles dedos femininos lhe proporcionavam.


O jovem fechou os olhos, deixou suas mãos pegarem no cabelo de Naomi e apertou um cacho de fios como se o desejo ordenasse aquele movimento. Ela, por sua vez, passou a lí­ngua pelo saco que se posicionava diante de seu rosto e começou subir pela superfí­cie do talo rí­gido coberto por veias saltadas que compunha o órgão sexual do jovem. Heitor delirava com a loucura que o ato lhe proporcionava. Quando Naomi atingiu a cabeça do membro, sua boca o engoliu por completo, oferecendo uma chupada digna de um urro descontrolado dele. A ponta da lí­ngua dela começou a percorrer em cí­rculos a extremidade superior do pênis. Heitor arqueou sua cabeça para trás e imprimiu uma leve força em suas mãos forçando-a a se levantar. A mulher subiu beijando-lhe a barriga, depois o peito até saciar sua vontade, colando sua boca contra a dele.


Agora era a vez de Heitor brincar um pouco. Virou-a de costas e forçou-a a esticar os braços até que aquelas mãos delicadas se apoiassem contra a parede. Chegou por trás e agarrou o corpo dela, beijando-lhe o lóbulo da orelha. Naomi ouvia a respiração acelerada de seu companheiro, enquanto os lábios dele desciam beijando seu pescoço, suas costas... Os joelhos de Heitor se flexionaram, de modo que seu rosto ficasse na altura da cintura dela. As mãos do jovem agarraram a calcinha a sua frente e impuseram um pouco de força para baixo, a peça í­ntima escorregou... O tecido passou pelas coxas, pelos joelhos, pelas pernas até por fim alcançar os pés de Naomi. Ela levantou uma perna de cada vez e a calcinha abandonou seu corpo.


Heitor agarrou-a pela cintura e deu-lhe uma leve mordida na parte posterior da coxa esquerda. A boca do jovem foi subindo até encontrar o iní­cio da polpa da bunda dela. A mulher abaixou a cabeça, seu queixo quase encostou em seu peito e seus dentes morderam seus próprios lábios devido ao sentimento estonteante que a dominava.


Heitor continuava explorando as polpas delicadas de sua companhia, e com suas mãos obrigou-a a abrir um pouco mais a pernas. A lí­ngua do jovem procurou pelos lábios inferiores de Naomi e quando sua lí­ngua quente tocou a intimidade dela, houve um estremecimento de tesão. A mulher levantou a cabeça e a pendeu para trás, suspirando com a face voltada para o teto. Se as paredes fossem feitas de algum material de consistência mole, Naomi teria arrancado pedaços da mesma.


Heitor a agarrou pelas nádegas, forçou aqueles montes a se abrirem e subiu seu corpo permitindo que sua lí­ngua percorresse aquela abertura de baixo para cima, deixando todo o local umedecido.


Ahhh! Que é isso... Ela o desejava cada vez mais.


Heitor se postou em pé atrás dela, envolvendo-a em seus braços. Depois conduziu-a até a cama e a deitou de bruços. Colocou um preservativo que pegou dentro da gaveta da cômoda. Em seguida passou uma de suas pernas sobre a cintura dela e encostou seu quadril no de Naomi. O pênis ereto do jovem tocou aquelas nádegas brancas. Seu corpo desceu um pouco e sua cintura, se posicionou na mesma linha que a dela. Ele imprimiu um pouco de força para avançar.


Naomi sentiu o membro dele tocá-la, a cabeça do órgão se encontrava na entrada de sua vagina e ela não se aguentava mais de vontade de tê-lo dentro de si, imediatamente abriu suas pernas para facilitar as ações. Heitor avançou mais com seu quadril, e Naomi começou a experimentar a penetração. Estava tão molhada que o pênis a invadia sem dificuldades. Ela mexia seu quadril facilitando a introdução e quando se deu conta seu interior estava completamente preenchido por aquele membro prazeroso.


Heitor comandava sua cintura ora para frente, ora para trás, forçando seu pênis a dançar dentro do sexo de Naomi. A mulher fechava os olhos enquanto suas mãos agarravam o lençol numa tentativa inútil de conter os sentimentos arrebatadores que a dominavam. Heitor não estava facilitando as coisas. Seu membro a deixava louca, querendo sempre mais.


Ai como isso é bom. "Ai Heitor, que pau gostoso."


A estocadas contra o quadril de Naomi continuavam, enquanto uma energia crescia mais e mais em seu interior. Então ele parou, tirou seu pênis de dentro dela e sentou-se na cama. Virou o corpo de Naomi para si e a fez sentar-se sobre ele. Os quadris se encaixaram perfeitamente. Ela passou suas pernas entorno dele e os dois se abraçaram deliciosamente. Agora era a vez da cintura de Naomi se movimentar e seu rebolado em cima do jovem, fazia com que o rosto dele ficasse posicionado entre seus seios. Os dois se agarravam, dominados pela loucura do momento. A intensidade dos movimentos aumentava, assim como o tesão que ambos compartilhavam.


Eles comprimiam seus corpos um contra o outro, Naomi continuava a se mover em cima de Heitor.


"Ai Naomi, que tesão, vou gozar."


"Vem, vem, que quero ir junto com você."


E assim eles se apertaram o máximo que puderam até que ambos atingiram o clí­max.






Depois de um bom tempo que os dois corpos tinham se acalmado na cama, Heitor notou que Naomi não havia dito uma palavra sequer desde que fizeram amor, então decidiu tomar a iniciativa e comentou.


"Não entendo como você pode defender aquele cara. Ele representa tudo o que você repudia."


"Você não entende." Respondeu Naomi.


"Claro que não, tente me explicar."


"Júlio manda em tudo nessa cidade. Se você não faz sua vontade..."


Naomi ficou em silêncio como se aquela explicação servisse como álibi para seus atos.


"Isso não é desculpa." Comentou Heitor sem aceitar os argumentos ouvidos.


"Nem sabemos se ele é realmente culpado." Disse ela torcendo para Heitor finalizar o assunto.


O jovem se lembrou das fotos e retrucou com um certo grau de incerteza na voz.


"Esse seu argumento não me convence."


"Não existe outra forma."


"Existe sim, podemos fugir."


A cara incrédula de Naomi já dizia tudo o que ela pensava sobre a proposta. "Você ficou maluco? Não temos como fugir disso."


"Claro que temos, podemos sair agora, para onde você quiser, somente nós dois."


"Você gosta tanto assim de mim a ponto de largar tudo o que conquistou até agora?"


"Sem dúvida alguma, e você?" Recebeu o silêncio como resposta.


Naomi ainda se mantinha calada, então Heitor perguntou.


"Como você descobriu onde eu estava hospedado?"


"Falando alto daquele jeito, aposto que todos os que estavam no fórum ouviram."


"Entendi." Ele parou mais uma vez e a encarou. "Naomi?"


"O que foi?" Respondeu ela com medo do que estava para ouvir.


"Fique comigo."


Mais uma vez aquela voz feminina emudeceu e a indecisão ganhou um destaque maior. A proposta de Heitor era tentadora. Tinha tudo o que ela podia desejar, mas ambos viviam em realidades diferentes.


"Vamos viver juntos, só nós dois."


Ela precisava arrumar um jeito de se afastar daquela questão que balançava todo seu ser.


"Posso responder isso para você amanhã cedo quando nos levantarmos?"


"Mas você vai estar aqui, quando eu acordar? Por que da última vez..."


Ela o calou com um beijo e se jogou nos braços dele. Envolveram-se mais uma vez num jogo de amor e sedução sobre a cama.




A noite havia sido perfeita... Porém quando Heitor acordou, estava sozinho no apartamento."ƒ


Capí­tulo 11




"Não! Não! Não!"


Levantou com rapidez e foi ver embaixo da mesa. "Droga!" o papel com a combinação do cofre havia sumido e a fita adesiva se encontrava no chão. Ele se dirigiu até o cofre, o mesmo estava aberto e o envelope de fotos tinha desaparecido. Naomi havia dado sua resposta. Ela veio com uma única intenção, pegar as fotos. Heitor correu para o telefone e discou para Duarte.




Heitor estava do lado de fora do tribunal. Passava as mãos pelo cabelos em uma clara atitude de nervosismo. Sua cabeça virava para ambos os lados da rua como se estivesse à espera de algo ou de alguém.


Dentro do prédio no salão principal, onde o julgamento passava do horário de começar, todos os lugares estavam ocupados. Estefani era a única presente da equipe de acusação. A secretária levantava a todo momento o pulso querendo conferir quanto tempo mais seus companheiros demorariam a chegar.


Onde está você, Doutor Duarte?


Seus pensamentos foram cortados pela voz cheia de autoridade de Naomi.


"Merití­ssimo, o tempo já está esgotado, creio que a acusação desistiu de prosseguir. Podemos encerrar a sessão?"


Ao ouvir a frase, Estefani pulou da cadeira e saiu correndo pelos corredores do prédio. Ela tentava manter as passadas rápidas sem perder o equilí­brio, tarefa que seus saltos não ajudavam a cumprir. Quando chegou à frente do prédio, caminhou apressada até onde Heitor se encontrava.


"O que você está esperando? Por que não está lá dentro iniciando a sessão?"


"Eu precisava falar com o senhor Duarte." As fotos...


"Tentei ligar várias vezes para o quarto dele, ninguém atende. Na recepção me informaram que ele saiu logo cedo e não retornou até agora. Será que aconteceu alguma coisa com o Doutor?"


"Espero que não." Respondeu Heitor preocupado.


"É melhor você entrar naquele salão, senão vamos perder o caso."


Heitor sabia que Estefani estava coberta de razão e ele realmente precisava entrar, mesmo assim não conseguia se mexer. Ela deu-lhe um puxão no braço. No começo encontrou certa resistência, mas por fim o jovem cedeu e acabou acompanhando-a. Heitor seguia ao lado da secretária, andava cabisbaixo, tentando achar um jeito de contornar aquela situação.


Ao entrar no salão, todas as atenções se voltaram para ele. Enquanto caminhava o jovem podia ver os rostos se voltando um para o outro como se fizessem confissões sobre o porquê de seu atraso.


Aposto que pensam que nossa derrota é certa e desistimos do caso.


Heitor passou rente a Naomi, ela estava linda e sexy como sempre, com uma calça bege e uma blusa branca que deixavam toda sua elegância transparecer. Ele até queria parar a fim de falar com ela e saber o motivo da traição da noite passada. Mas a resposta era simples, os sentimentos dela não tinham a mesma intensidade dos dele. Naomi o encarou com um ar de triunfo, depois sua feição murchou ao ver a decepção que estampava o rosto de Heitor. A mulher havia trocado os sentimentos do jovem pela carreira que Júlio a oferecia. Seu coração doí­a com a escolha, mas infelizmente não havia mais como voltar atrás.


O juiz acompanhou os passos de Heitor até o jovem chegar em sua cadeira, ao vê-lo acomodado, se pronunciou.


"Creio que agora que estão todos presentes, podemos dar prosseguimento a sessão de ontem que ainda não finalizamos. Senhorita Naomi, a defesa pode começar."


Naomi se levantou, sua expressão exibiam traços de alguém que está pronto para batalha. Estava preparada para o que desse e viesse e isso incluí­a bater de frente com Heitor. A mulher se dirigiu com elegância até a frente do juiz e disse em alto e bom som.


"A defesa chama Júlio Salomino."


O réu atendeu ao pedido de sua advogada sem hesitar, caminhou confiante até o local onde uma cadeira era reservada para as pessoas que seriam interrogadas durante o julgamento. Sentou-se cruzando as pernas e jogou as costas para trás permitindo que toda sua arrogância viesse à tona. Fez questão de presentear Heitor com um sorriso debochado.


Assim que Naomi viu que seu cliente estava devidamente acomodado, começou o discurso com o qual pretendia livrá-lo da condenação.


"Merití­ssimo, senhores jurados e as pessoas aqui presentes." Interrompeu sua fala para ver qual o efeito de suas palavras sobre o público. Sabia que não havia necessidade disso. Ela era boa quando atuava e com certeza os holofotes daquele show estavam sobre si. "Desde o começo deste julgamento, a acusação..." Naomi estendeu um dos braços na direção aonde Heitor se sentava. "Tenta criar uma imagem fictí­cia de meu cliente, onde eles declaram que Júlio Salomino é um monstro, um pai sem coração e cruel, um homem sem escrúpulos. Minha nossa!" Colocou as mãos na testa para simular que passava por uma situação absurda.


Você é realmente convincente, convincente e boa no que faz. Pensou Heitor ao vê-la atuar.


Ela encarrou Heitor e depois prosseguiu. "Tudo isso... Para dizer que meu cliente abusava de seu filho." Sua voz era o único som que se ouvia no salão. "Um absurdo, para não dizer um crime contra um pai de famí­lia dedicado, carinhoso e que não media esforços para fazer seu filho feliz. O amor desse homem." Apontou para Júlio. "Para com seu filho está registrado aqui comigo."


Heitor gelou por dentro e seus medos se confirmaram assim que sua adversária levantou o envelope com as fotos que havia sido roubado de seu apartamento na noite anterior.


"Objeção Merití­ssimo. Essas provas deveriam ter sido anexadas no começo do processo. A acusação não teve condições de analisá-las."


"Vejo que a acusação não quer que fatos verdadeiros venham à tona." Proclamou Naomi triunfante.


"Rejeitado." Contrariou o juiz.


Droga, aqui na capital todos devem ser a favor de Júlio.


Enquanto distribuí­a as fotos para os jurados verem, Naomi continuava seu discurso.


"Como vocês podem ver a acusação está desesperada querendo esconder as provas que mostram como eles estão errados a respeito de seu julgamento no que diz respeito a Júlio Salomino."


O Juiz se voltou para Naomi.


"Alguma pergunta para o réu?"


Ela fez um sinal de positivo com a cabeça e foi mais para o centro, ao lado da bancada do juiz.


"Senhor Júlio." O homem lhe dirigiu o olhar. "O senhor amava seu filho?"


"Sim, claro. Ele era meu mundo, sem ele estou perdido, sem saber o que fazer. Estou vivendo esses últimos dias a base de remédios e vou ter que começar a fazer tratamentos psicológicos.


Seu mentiroso! Exclamou Heitor internamente.


Naomi recolheu as fotos dos jurados e passou-as para Júlio.


"Você poderia dar uma olhada nessas fotos e dizer se elas são realmente suas?"


"Obviamente que são, eu sempre amei meu filho e sempre nos divertí­amos juntos."


"Onde elas foram tiradas?"


"Em São Roque, meu filho adorava as regiões montanhosas. Uma vez por mês í­amos lá para acampar e passar uns dias. Como todo pai deveria fazer com seu filho."


"Merití­ssimo, talvez a "acusação" deseje ver as fotos, para ter uma ideia de como ela está equivocada em seu julgamento."


Heitor se sentiu enojado com a colocação de Naomi. O juiz virou a cabeça na direção dele e o jovem aceitou a oferta.


"Como uma imagem vale mais do que mil palavras, não tenho mais perguntas ao meu cliente." Naomi depositou o envelope em cima da mesa e sussurrou para Heitor. "Boa sorte, você vai precisar, Nada de mágoas, tá?"


Heitor a odiou naquele momento, mas também teve o desejo de agarrá-la ali mesmo. Ela estava jogando com ele, passando por cima de seus sentimentos e sabia que no momento se encontrava no domí­nio das ações.


O jovem advogado se levantou, era sua vez de usar as palavras e tentar reverter a situação. Quando olhou para o lado viu Estefani com a cabeça apoiada nos joelhos e as mãos em cima de seus cabelos, em uma atitude que evidenciava toda sua falta de esperança. Ele analisava Júlio com sua postura petulante de quem sabe que está claramente em vantagem. Os jurados tinham se simpatizado com ele e encaravam Heitor com expressões hostis. O jovem teria que ter a melhor atuação de sua vida para reverter o caso. Mirou novamente para Estefani e está se encontrava falando com Duarte, misteriosamente o sócio majoritário do escritório tinha aparecido no julgamento. Heitor se esqueceu de tudo e se dirigiu até onde ele estava.


"E aí­?"


Duarte apenas acenou abaixando a cabeça. E depois fez um gesto para que Heitor olhasse para trás. O juiz lhe dirigia a palavra com uma entonação de advertência.


"Senhor Heitor, que atitudes desrespeitosas são essas? Desistiu de fazer perguntas ao réu?"


"Me desculpe Merití­ssimo, por esse desleixo de minha parte."


"Dessa vez deixarei passar, mas que seja a primeira e última vez que isso aconteça."


Duarte lhe entregou um pacote em mãos. Heitor voltou para perto de Júlio, Estefani perguntava cheia de curiosidade.


"O que é aquilo?"


"São as fotos mais antigas de Júlio que estavam no escritório. As primeiras que entreguei para Heitor sobre o caso. Ele queria que eu as trouxesse."


"Para quê? Aquilo não vai ajudar em nada."


Heitor estava abrindo o pacote.


"Senhor Heitor, o que está fazendo?" Perguntou o juiz


"Gostaria de mostrar essas fotos para o júri."


"Objeção Merití­ssimo." Disse Naomi. "A acusação não pode usar fotos sem uma prévia análise da defesa."


"Vejo que a defesa não quer que fatos verdadeiros venham à tona."


"Rejeitado." Disse o juiz dando apoio a Heitor.


Os olhares de Heitor e Naomi se cruzaram. Havia um desafio declarado neles, Ambos estavam se testando. O juiz chamou os dois para perto de si e confidenciou.


"Parece que vocês estão levando isso para o lado pessoal, por favor atenham-se ao julgamento."


Mas ambos pareciam nem ter ouvido as palavras da autoridade, se estivessem sozinhos com certeza estariam um nos braços do outro.


Naomi pegou as fotos para fazer uma breve análise e imediatamente desfez sua postura agressiva, aquelas, eram fotos inocentes do começo da carreira de Júlio. A mulher não via como aquelas imagens poderiam prejudicar seu cliente. Júlio a mirava de forma curiosa, mas Naomi o tranquilizou com um olhar significando de que não havia nada com o que se preocupar.


Heitor deixou que o júri analisasse as fotos e depois as passou para Júlio. O homem sorriu ao ver do que se tratava.


"Senhor Júlio," começou Heitor. "O senhor poderia me confirmar se essas fotos são realmente do senhor?"


"Sim, são! Fotos da inauguração da nossa primeira fábrica aqui na Capital. Geramos muitos empregos, demos trabalhos para muitas famí­lias. Foi uma data muito especial.


"Mas isso não lhe dá o direito de cometer crimes."


Júlio se assustou com a colocação repentina de Heitor.


"Objeção Merití­ssimo." Interpelou imediatamente Naomi. "Estão acusando meu cliente sem ao menos ter provas para isso."


"Aceito. Senhor Heitor atenha-se a questões relevantes, não vou tolerar falsas acusações no recinto."


"Perdoe-me Merití­ssimo. Então o senhor confirma que essas fotos que tenho em mãos e as que a defesa apresentou são suas?"


Ele acenou, para logo em seguida completar.


"Com certeza. Foram duas épocas muito felizes. Uma quando inaugurei a primeira fábrica e a outra com meu filho. O que mais eu poderia querer?"


"E desde que as primeiras fotos foram tiradas você não mudou nada? Quero dizer, não adquiriu nenhuma habilidade nova, ou algo do tipo?"


"Não estou entendendo onde você quer chegar, mas não. Continuo o mesmo de sempre."


Heitor foi até sua mesa e tirou um pincel, um tubo de tinta e uma folha.


"Você poderia fazer um desenho como fez para o seu filho nessa foto?


Naomi se levantou para protestar, mas Júlio fez um sinal com a mão para ela se sentar. O homem sabia onde Heitor pretendia chegar.


"Claro."


Heitor entregou o pincel para Júlio, ele pegou com sua mão esquerda e passou para a direita a fim de fazer o desenho. Não era uma figura difí­cil, constituí­a-se de um morro em frente de um lago, uma imagem um pouco borrada, mas com cores muito vivas.


Júlio fez o desenho, não saiu exatamente como o original, mas mesmo assim ficou bem parecido devido a facilidade dos traços.


"Satisfeito?" Perguntou Júlio com um sorriso no rosto.


"Sim muito, mas você poderia fazê-lo com a mão esquerda?" Heitor deu mais ênfase a sua voz em suas últimas palavras.


"O quê?"


"Você me ouviu muito bem. Poderia fazê-lo com a mão esquerda?"


Júlio mudou o pincel de mão e ficou completamente desajeitado.


"É claro que não, sou destro."


"Aí­ está toda a questão meus caros jurados. A foto que mostrei onde Júlio assina os contratos, ele o faz com a mão direita isso mostra claramente que ele é destro. Já nas fotos que a defesa mostrou, o homem que cria o desenho está com a mão direita no garoto enquanto faz o desenho com a mão esquerda."


"Que tonteiras está dizendo?" Reclamou Júlio. "Se não sou eu nessa foto quem seria?"


"Seu irmão mais velho, Raul." A voz veio de um local distante.


O salão todo se voltou para trás. Um homem que era a cópia de Júlio, postava-se ao lado de Duarte.


"Mas... Mas..." Júlio gaguejava. "O que você está fazendo aqui?"


"Há anos atrás simulei minha própria morte para desviar as atenções de nosso processo e de você meu irmão, pois com certeza você seria preso. Isolei-me do mundo em São Roque, a região montanhosa que recebe pouquí­ssimos visitantes. Não me importei com nada, afinal, apesar de perder muita coisa eu dispunha da visita de meu amado sobrinho, uma vez por mês. Essa era minha única alegria. Mas então, de um tempo para cá, ele ficou calado, como se alguma coisa tivesse acontecido. O garoto não me falou, mas sei o que você fez com ele. Nesses últimos tempos você não o levou e sempre quando eu ligava você dizia que tinha aparecido um compromisso de última hora. Hoje de madrugada este homem apareceu." Raul apontou para Duarte. "Trazendo um jornal que falava da morte e da acusação por abuso. Júlio, eu pude deixar passar muita coisa, mas isso nunca. O que você pretendia fazer quando eu descobrisse? Me mataria também? Assim como fez com sua mulher e seu filho?"




Heitor estava saindo, quando Naomi o interceptou. A mulher o puxou para longe dos repórteres. E quando se viram sozinhos foi logo disparando contra ele.


"Eu me achava um gênio, mas você, você... Você é um monstro!"


"Por quê? Eu é quem fui roubado."


"Você armou tudo para mim, não foi desleixo, foi tudo pensado nos mí­nimos detalhes. Você levou Duarte para o outro lado do fórum no primeiro dia de sessão, sabendo que eu passaria por lá. Me deixou ver o envelope, falou alto sobre as fotos e depois me ignorou por completo, deixando-me com a pulga atrás da orelha e instigando minha curiosidade. Se não bastasse ainda falou o endereço do seu hotel para eu achar com mais facilidade.


"Eu tinha somente uma noite antes do julgamento."


"E tem mais, você sabia que as fotos por si só seriam difí­ceis de serem aproveitadas, mas ganhariam muito peso se fossem apresentadas pela defesa." Ela colocava o dedo indicador no peito dele de forma acusatória. "Você colocou o papel com a combinação do cofre de propósito embaixo da escrivaninha. Ah, como fui tonta!"


Heitor não respondeu. Ele foi pegá-la pelo braço, mas Naomi o repudiou.


"Não toque em mim."


"Você não aceitou minha proposta, eu estava disposto a jogar tudo para o alto e fugir com você."


"Não há como fugir de Júlio Salomino, na Capital. E como você achou o Raul? Pois como você deduziu que ele estava vivo isso eu já sei."


"Muito simples, as únicas montanhas aqui na região são em São Roque, só precisei ficar com uma das fotos que mostrava uma casa, que chutei ser a de Raul e quando você me roubou o envelope com as fotos liguei para Duarte, entreguei-lhe a foto e pedi para ele ir até lá e tentar achá-lo."


"E pelas fotos você sabia que ele não ignoraria a morte do sobrinho, mesmo em se tratando de Júlio seu irmão."


"Isso mesmo. Tivemos muita sorte, jamais pensei que Duarte fosse achar a casa dele há tempo, mas aquela região é pouco habitada e todo mundo conhece todo mundo. Você acredita que lá o Raul usava o nome de Heitor? Olha que coincidência." Ele sorriu, mas ela ficou ensandecida.


"Como fui estupida, era um detalhe tão obvio, as mãos esquerda e direita, estava na cara que não se tratava da mesma pessoa. E eu deixei passar, se eu não estivesse apaixonada por você com certeza não ignoraria um detalhe tão descarado assim."


"O que você disse?" Ela não respondeu então Heitor prosseguiu. "Você está o quê?" Ele tentou pegar o pulso Naomi, mas ela o recolheu de um modo brusco.


"Não toque em mim, nunca mais quero vê-lo na minha vida."




Capí­tulo 12




Naomi estava lendo o jornal, enquanto o ônibus se aproximava da rodoviária. Depois de sua derrota nos tribunais e da prisão de Júlio e Raul, não sobrou mais nada para a advogada na Capital. Mesmo atrás das grades a influência de Júlio ainda continuava enorme. Ela perdeu o emprego e nenhum escritório ousou se quer chamá-la para uma entrevista de emprego com medo de sofrerem retaliações. Mesmo com o tí­tulo de Devoradora e dona de um currí­culo invejável, na região ao redor da capital, ela não teve a mí­nima chance de exercer sua profissão.


Júlio nunca se esquece das pessoas que 'o decepcionam'. E era isso que Naomi tinha feito não o livrando da prisão. Ele não perdoou meu deslize e mesmo atrás das grades ainda tem poder para se vingar de mim. Só me resta ir embora.


Nem mesmo a empresa de Heitor escapou ilesa, uma semana depois do julgamento, um ví­deo do sócio majoritário do escritório com sua secretária, não se sabe como, caiu nas mãos da esposa de Duarte. A mulher transformou a cidade em 'chamas' e o escritório foi obrigado a fechar. A secretária, perdeu o emprego e parece que havia tomado um pé na bunda do noivo. Naomi não perdeu seu noivo, afinal ela não tinha um, mas deixou escapar o homem que a amava, Heitor.


Aposto que foi Júlio o responsável por tudo isso.


Ela até tentou entrar em contato com Heitor, mas depois que o escritório onde ele trabalhava fechou as portas, toda informação que conseguiu foi que o advogado havia se mudado.


A rodoviária enfim chegou e Naomi desceu do ônibus arrumando sua saia. Agora ela só teria que descobrir onde ficava a tal da avenida Atlântica para fazer sua entrevista. Aquele foi o único escritório de advocacia que respondeu ao seu envio de currí­culo. Era muito distante de 'tudo', um escritório novo que começava suas ações. Ela provavelmente não ganharia nem um terço do que recebia no seu antigo emprego, mas fazer o quê? Encontrava-se diante de sua única oportunidade.


Seu maior medo era ser contratada e depois descobrirem quem ela realmente era e após isso a mandarem embora.


Quando chegou no endereço, se deparou com uma casa modesta e pela janela da frente verificou que uma festa ocorria no local. Olhou para os lados, querendo se certificar de que se encontrava no endereço correto, aquilo não se parecia em nada com um escritório de advocacia. Pensou em voltar, mas quando girou o corpo, a porta foi aberta por um jovem que ela apostava ser um estagiário.


"Boa tarde, deseja alguma coisa?" O jovem a analisou dos pés à cabeça com uma mirada cheia de cobiça, apesar de tudo ainda continuava a despertar sentimentos de desejos nos homens.


"Meu nome é Naomi, vim para uma entrevista de emprego, mas pelo visto cheguei em uma hora inapropriada."


"Não, claro que não, entre, logo o chefe irá entrevistá-la."


"No meio de uma festa?"


"Ele é assim mesmo, nós achamos o cara meio maluco, mas como ele é o chefe, temos que relevar." O jovem sorriu.


Naomi foi levada até uma sala no fim do corredor e ficou sentada esperando. O tempo passava, gargalhadas e conversas divertidas dos funcionários prosseguiam, já tinham decorridos mais de trinta minutos e ela começava a ficar sem paciência.


Será que o povo aqui não sabe respeitar horário? Quem dá uma festa no meio do expediente? Já vi que se for contratada não vou me dar bem com o chefe.


A mulher se levantou para pegar uma revista, a porta se abriu, um homem entrou na sala e foi logo para outra porta onde havia um banheiro. Ela nem teve tempo de ver como ele era, só ouviu o barulho de uma torneira abrindo e a água escorrendo. Com a voz abafada pelo tamanho do local que se encontrava, ele perguntou:


"Naomi?"


"Isso mesmo, senhor." Respondeu ela querendo demonstrar respeito.


"Me fale um pouco de suas qualificações?"


"Bem, depois de me formar, atuei na Capital por muitos anos. Participei de muito casos. Ganhei quase todos eles."


"Quase?" A torneira se fechou.


"Na verdade perdi somente um."


"Aposto que isso se deu por você não ouvir seu coração e roubar o que não lhe pertencia."


Naomi ficou sem reação e sem saber o que responder, um frio percorreu lhe a espinha. O homem saiu do banheiro e ela estava frente a frente com Heitor.


"Eu disse que um dia seria seu chefe."


Boquiaberta, ela ainda não conseguia acreditar.


"Você quer saber o que aconteceu?" Perguntou ele ao que recebeu um aceno positivo com a cabeça como resposta. Heitor dava passos lentos na direção dela enquanto explicava como havia sido todo o processo. "Depois daquele caso dos Salomino, o escritório que eu trabalhava fechou e acho que você sabe os motivos que o levaram a esse desfecho. Como adquiri fama e fiquei conhecido nacionalmente, afinal derrotei a até então imbatí­vel, Devoradora. Peguei minhas coisas e me mudei para esta cidadezinha, fundando meu próprio escritório. Clientes tenho aos montes. Só faltava mesmo você e agora você está aqui.


"Seu convencido."


"Cuidado com a boca, sou seu chefe agora."


"Você nem sabe se vou aceitar o convite."


"Claro que vai." Ele a puxou pela cintura e a calou com um beijo. Gesto esse que no iní­cio teve uma tentativa de recusa, mas não demorou muito para ser retribuí­do com imensa satisfação. Heitor pegou-a no colo e colocou-a em cima da mesa. Abriu-lhe as pernas e colocou as mãos na calcinha de Naomi.


"O que você está fazendo? Alguém pode entrar e nos pegar nessa situação embaraçosa."


Ele a presenteou com um sorriso safado.


"Uma vez vi uma cena dessas e queria provar para ver como seria."


Naomi adivinhou a quem ele poderia estar se referindo.


"E depois o escritório acaba fechando as portas por causa de um ví­deo?"


"Até poderia, mas aqui as coisas são diferentes. Eu não tenho esposa e a mulher que eu quero para mim está bem aqui na minha frente."


Ele tirou a calcinha dela e sua cabeça pendeu para o meio das pernas de Naomi.




*Publicado por chriswryter no site promgastech.ru em 31/12/17. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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