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Conto: O Veredicto - Parte 2

  • Conto erótico de romance (+18)

  • Publicado em: 31/12/17
  • Leituras: 1258
  • Autoria: chriswryter
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Capí­tulo 4




Duarte pediu à garçonete que juntasse duas mesas. Ambas se localizavam ao lado de uma mesa de bilhar. Todos os funcionários do escritório estavam presentes. A comemoração havia começado há algum tempo e não tinha hora para terminar.


Heitor não estranhou que desde que um conjunto começou a tocar, Duarte já havia se levantado três vezes para ir ao banheiro e segundos após ele sair, Estefani seguia o mesmo trajeto. Talvez pelo fato das bebidas chegarem constantemente à mesa, ninguém mais parecia notar o fato dos dois demorarem no mí­nimo dez minutos a cada ida.


Isso não é da minha conta, o que me incomoda ainda é audiência de hoje, aquela mulher... Heitor bateu o copo na mesa.


Os risos prosseguiam, as bebidas e as comidas chegavam generosamente e o conjunto variava o ritmo a cada seleção de cinco músicas, divertindo a todos, com exceção de Heitor. O jovem ainda se sentia incomodado, procurou se descontrair analisando o ambiente, de repente alguém no canto mais distante do recinto lhe saltou à vista de forma gritante. Mesmo procurando ser discreta a pessoa não conseguia passar despercebida. Parecia que a todo o momento um homem se dirigia a ela tentando iniciar uma conversa. A pele de Heitor se arrepiou, era a mulher que havia sentado na primeira fileira do júri, a causa dele quase ter perdido seu caso. Ela estava debruçada sobre um caderno fazendo anotações e tentava não erguer seu olhar para não ser alvo de mais algum engraçadinho.


O jovem advogado não se conteve, foi até o balcão e pediu uma dose de Martini com uma cereja. Quando recebeu seu pedido, pegou a bebida e a levou até a mesa onde se encontrava a mulher. Ela não lhe deu a mí­nima atenção, nem mesmo fez menção de erguer o rosto. Heitor fez um som com a garganta para ser notado.


"Hã hã." Como não recebeu nem um olhar como resposta, disse com uma voz polida. "Um Martini para senhorita Sônia da mesa número seis."


"Acho que você errou de mesa. Não pedi nada disso. Além do mais, meu nome não é Sônia, mas sim Naomi."


"Será que Naomi significa: N de notável, A de adorável, O de otimista, M de maravilhosa e I de inteligente?"


Ela parou de escrever e sorriu. Este pelo menos tem uma cantada original. Mesmo assim nem se deu ao trabalho de levantar o rosto e ver que tipo homem tinha a sua frente, em vez disso perguntou enquanto prosseguia com suas anotações.


"Qual o seu nome?"


"Heitor."


"Hoje Estou Ignorando Todos Otários Repugnantes."


"Uau, você é boa, hein?" Disse ele se sentando à mesa sem ser convidado.


Ela suspirou aborrecida e levantou o olhar para protestar, porém quando viu de quem se tratava, abriu um belo sorriso e ficou imaginando o que o recém chegado diria em seguida.


"Naomi, hein?" Ela confirmou a pergunta de Heitor. "É um belo nome."


"Também acho, foi um presente da minha mãe, ela o escolheu com muito carinho. E apesar de ser meu segundo nome, prefiro ele ao primeiro."


"Fiquei curioso agora para saber qual seria o primeiro. Por que para você não gostar de usá-lo deve ser algo muito fora do comum. Algo do tipo Drossalina?"


Ela riu descontroladamente. Não estava afim de companhia esta noite, mas aquele homem, a deixava muito à vontade. Decidiu arriscar mais alguns minutos em sua companhia e se esta se mostrasse inconveniente o dispensaria.


"Não, é que foi meu pai quem escolheu e como eu e ele temos nossas 'diferenças', não gosto de usá-lo."


"E qual seria?"


"Isto é um interrogatório? Estou sob juramento? Tenho que dizer a verdade e nada mais que a verdade?"


Heitor estava se divertindo, sua companhia tinha um ótimo senso de humor. E além do mais, quando ela falava sua boca se mexia de um jeito tão sensual que o jovem não conseguia desgrudar a vista daqueles lábios divinos.


"Não, apenas curiosidade."


"Então vamos deixar as curiosidades de lado. Pelo menos algumas delas." Ela lhe presenteou com uma piscada. Heitor sorriu, entendeu o recado e fez um sinal com a cabeça para o caderno, antes de falar.


"Fazendo a lição de casa?"


Ele tornou a apontar para o caderno e ela tocou a mão dele de um jeito casual. Seu toque era macio e suave. Heitor desejou que o contato se prolongasse eternamente.


"Não." Sorriu ela. "Estou procurando tirar lições do que vi hoje no tribunal."


"Então você está tentando ser advogada?"


"Digamos que eu seja uma."


Heitor leu uma das anotações que estava na folha de papel.


O advogado foi muito evasivo, perdeu alguns pontos, que podem ter influenciado na decisão final. Ele a encarou com uma expressão divertida. "Ei! Acho que este aí­ sou eu."


"Como você adivinhou?" Ela tocou com a caneta no queixo dele. "Você sabia que coça a orelha quando está em dúvida?"


"Você traçou um perfil meu?"


"Mas é claro, quem sabe um dia eu possa a vir enfrentá-lo no tribunal, tenho que saber seus pontos fracos e fortes."


"E como foi minha avaliação hoje? Afinal tive como oponente a Devoradora."


"Devoradora?" Naomi ficou confusa.


"Sim, a advogada que enfrentei hoje."


"Ah, entendi. Vocês ainda a chamam assim?" Ele ficou satisfeito que sua companhia também conhecia o nome e confirmou com um aceno. Logo em seguida Naomi continuou sua análise. "Mas voltando ao assunto, eu diria que hoje sua atuação foi um pouco displicente."


"Você não gostaria de me perguntar o porquê dessa minha displicência?"


O sorriso malicioso que ele a presenteou dispensou a pergunta dela ou mesmo uma resposta dele para Naomi descobrir o mistério.


"Sério? Eu causei tudo aquilo? Difí­cil de acreditar."


Difí­cil de acreditar é que exista alguém tão linda como você.


Ela jogou seu pescoço para frente deixando seu colo à vista. O aroma suave que estava presente em seus cabelos chegaram até Heitor. Ele tinha vontade de tocá-los, acariciá-los...


A mulher colocou uma das mãos no pescoço e comentou.


"Eu diria que hoje no tribunal você foi algo que normalmente não é, algo beirando o surreal." Heitor se divertia com a análise que estava recebendo. Naomi prosseguiu. "Assim como toda esta cidade, aliás, ela é antiga, bem diferente da capital."


"Então você é da capital?"


Ela confirmou com um aceno e prosseguiu.


"Aqui parece que estamos vivendo em um filme, e podemos ser o personagem que quisermos. Isso é muito interessante, estou me divertindo muito, coisa que não acontecia há muito tempo. Tudo é bastante diferente da pressão que estamos sujeitos diariamente na capital. Eu posso dizer que aqui estou em paz."


"E qual personagem você está sendo aqui?"


"Digamos que uma pessoa simples, ou poderia dizer 'normal'. Apenas uma mulher que acorda e se dedica a casa e ao seu marido."


Heitor mirou imediatamente para as mãos dela. Naomi sorriu de um modo divertido.


"Fique tranquilo, não sou casada e não molesto meus subordinados descaradamente como seu chefe faz."


Ela falou observando Duarte arrumar a calça e logo em seguida por debaixo da mesa alisar com uma das mãos a coxa de Estefani sem que ninguém percebesse.


"Você é bem perspicaz."


"Eu só vejo o que as pessoas me mostram. Você nunca sonhou em ser uma outra pessoa? Viver um sonho, nem que seja apenas uma vez na vida?"


"Não."


"Acho que é assim que me sinto aqui. Outra pessoa."


"Mas afinal, o que você está fazendo aqui?"


"Vim realizar um serviço que pedi para o meu chefe, mas as chuvas me atrasaram."


"É, aqui é assim, chove e o cotidiano das pessoas se atrapalha todo."


"Não muito diferente da cidade grande, só que lá é o trânsito que nos atrapalha. Se um dia for para lá certifique-se de sempre sair com no mí­nimo duas horas de antecedência."


É claro que irei, não importa para onde, desde que você esteja lá. "Vou me lembrar desse aviso."


"Mas e que fim deu seu serviço?"


"Eu perdi, meu atraso fez com que outra pessoa assumisse meu lugar. E agora estou tentando achar um hotel para passar a noite. Infelizmente a cidade está cheia por causa desse caso e as chuvas estão atrapalhando meu retorno. Acredito que muitos decidiram passar a noite por aqui. Está difí­cil encontrar um quarto decente onde se possa ter uma boa noite de sono."


"Eu tenho uma sugestão." Disse Heitor com um sorriso malicioso mostrando a chave de seu apartamento.


Naomi deixou os traços de incerteza aparecerem em seu rosto, porém de uma maneira bem divertida.


"Não costumo dormir na casa de estranhos que acabo de conhecer. Você não acha que está sendo um pouco precipitado, só nos vimos uma vez."


"Não sou um completo estranho, você já me viu hoje no tribunal, isso significa que essa é a segunda vez que nos vemos."


Ela parecia perdida em seus pensamentos, o que levou Heitor a insistir.


"E então? O que me diz?"


"Não creio que seja uma boa ideia."




Capí­tulo 5




Já era tarde da noite quando o elevador do prédio de Heitor subia até o décimo segundo andar. Em seu interior dois corpos encostados na parede se agarravam loucamente. Um dos lados possuí­a um vidro que exibia as mãos ousadas que percorriam as curvas de cada um, arrancando gemidos de prazer. Suas bocas se calavam em beijos curtos e apaixonados. Mesmo com os olhos fechados, os dedos de Naomi se dirigiram aos botões da camisa de Heitor e um a um, os apetrechos foram sendo abertos de cima para baixo. Os beijos não cessavam. Em meio aos seus suspiros de excitação, Naomi sussurrou aos ouvidos dele.


"E as câmeras de segurança?"


A mão direita de Heitor desceu pelo quadril de Naomi e parou no meio da coxa dela. O jovem imprimiu uma dose considerável de força até levantá-la na altura de sua cintura.


"As câmeras?" Sussurrou ela novamente, só que desta vez o som saiu mais prolongado. Sua entonação deixou Heitor cheio de desejo.


E eu lá estou pensando em câmera nesse momento? Ele imprimiu mais força a sua mão. "A do elevador está quebrada. Só vão consertá-la semana que vem." Pelo menos era nisso que o jovem acreditava.


Os lábios continuavam a se comprimirem. Ele levantou a saia verde de sua companhia de modo que uma calcinha branca aparecesse. A mulher abaixou a camisa dele deixando que os ombros do jovem ficassem a mostra. O sinal sonoro do elevador apitou e a porta se abriu.


"Heitor? Heitor?" Ela pendeu a cabeça para trás. "Isso está bom demais, mas creio que já chegamos" Proclamou Naomi, vendo que Heitor não parava de mirar seus seios. Os dedos dele avançaram em direção aos dois montes.


"Da próxima vez preciso me lembrar de comprar a cobertura, pode ser até mais cara, mas pelo menos ainda teremos mais treze andares pela frente antes de chegarmos."


Os dois desceram se beijando, o apartamento de Heitor ficava apenas a alguns metros da entrada do elevador. Ele a guiava pelo corredor sem que desgrudassem os lábios. Ficava complicado se orientar com os corpos colados.


Heitor prensou-a contra a porta. Sentiu mais intensamente o volume dos seios alheios tocarem em seu peito. Ela, por sua vez, experimentou um membro ereto ser espremido contra seu abdômen. Ambos não se aguentavam de tanto tesão. Ele pegou a chave em seu bolso e com rápidas miradas de rabo de olho tentava achar o buraco da fechadura. A tarefa se mostrava árdua pois o corpo de Naomi era uma tentação difí­cil de se desprender.


"Vamos, abre logo essa porta!" Ordenou ela com a excitação à flor da pele.


"Estou tentando." Respondeu, sentindo Naomi roçá-lo de propósito só para provocá-lo ainda mais. Ele não aguentou e abaixou sua cabeça tentando alcançar com a boca o pescoço de sua companheira.


"Eu vou te ajudar." Disse Naomi empregando um tom brincalhão e tocou a campainha.


"O que você está fazendo?" Questionou ele surpreso com os lábios presos pelos dentes dela.


"Vendo se alguém vem facilitar nosso serviço e abre logo essa maldita porta." Ela riu e apertou mais uma vez a campainha.


"Sua boba, eu moro sozinho, não vai ter ninguém..."


"Já vai." Gritou uma voz impaciente vinda de dentro do apartamento.


Rapidamente Heitor mirou o número da porta, 121.


"Apartamento errado!"


Ambos correram para a porta vizinha, abriram e a fecharam rapidamente. Encostaram as costas na madeira, relaxaram como se estivessem sendo perseguidos e achassem um lugar seguro para se esconder. Ouviram a porta do apartamento vizinho se abrir no corredor.


"Malditas crianças, amanhã vou deixar uma reclamação com o zelador." Bang! A porta se fechou novamente. Seus olhares se cruzaram e ambos caí­ram na gargalhada, até que suas mãos voltaram a se buscar e suas bocas se encontraram novamente.


Caminharam até a entrada do quarto, Heitor a pressionou contra o batente da porta e suas mãos desceram até a altura da cintura dela. Naomi o presenteou com um sorriso maroto e mordeu o canto dos lábios, como se já soubesse o que aconteceria em seguida. O jovem levantou a blusa dela, a moça içou seus braços para cima, facilitando o serviço. A peça de roupa caiu no chão. Quando ele abaixou sua vista, seus olhos se encontraram com o par de seios mais lindos que já havia visto na vida, os dois montes estavam cobertos por um sutiã branco e fino. Os mamilos rosados podiam ser vistos com clareza através da transparência do tecido. Heitor levou suas mãos até os bicos e ouvindo a respiração de Naomi se intensificar ao seu toque, pressionou ambos tirando mais gemidos de prazer de sua companhia.


Imediatamente ela imitou o gesto dele e não demorou para ambas as blusas estarem no chão. Naomi passou a lí­ngua pelos mamilos de Heitor arrepiando lhe a pele.


O jovem tirou o sutiã que estava a sua frente e aqueles seios maravilhosos ficaram expostos para seu deleite. Sem conseguir se conter abaixou sua cabeça e deixou que sua boca provasse do sabor de cada um deles, primeiro o esquerdo, depois o direito. As mãos de Naomi descabelaram Heitor e pressionaram o rosto dele contra si, como se ela desejasse que a boca do jovem jamais saí­sse dali.


Ele a agarrou com mais força, permitindo que seus instintos o dominassem, forçou Naomi a acompanhá-lo alguns metros à frente, onde a cama aguardava a queda dos dois corpos envolvidos pela paixão.


O desejo de Heitor se tornava maior a cada segundo decorrido, ele queria possuí­-la, tê-la toda para si. Não estava mais conseguindo se conter.


"Deite aqui." Sussurrou de joelhos na cama puxando Naomi para que ambos compartilhassem o colchão. O cinto de Heitor foi aberto por mãos hábeis e seu zí­per desceu com facilidade. Unhas arranham levemente a parte central de sua cintura. O jovem se esforçava para não jogá-la na cama e arremeter seu corpo sobre o dela.


Calma... Calma... Que tesão.


Ele tinha que ser paciente, logo se viu somente de cueca, com o rosto de Naomi rente a sua cintura. A mulher passou a mão pela cueca, sentindo o volume presente que o tecido escondia. A torção de seus lábios diante daquele corpo volumoso deixava claro o quão excitada ela se encontrava. Removeu a última peça que a separava do prazer.


O pênis de Heitor praticamente saltou na cara de Naomi, que o alisou com carinho, passando as mãos por aquelas bolas avantajadas. Heitor urrou de tanta excitação. Abriu os olhos e mirou aquela beldade com o colo nu e a saia verde em seu corpo. Deitou-a na cama e pegou uma faixa de pano que havia perto de seu travesseiro. Vendou os olhos de sua companheira.


"Eu quero que você fique de olhos fechados e apenas sinta-me saborear cada pedaço do seu corpo."


Naomi teve um estremecimento de prazer. Excitava como estava, arrepiou-se ao ouvir um sussurro em seus ouvidos.


"Hoje você é minha e vou possuí­-la do jeito que eu quiser."


"Faça o que quiser comigo." Implorou ela.


Heitor colocou-a com os braços abertos.


"Não vá tirá-los daí­."


O jovem observava aquele corpo deitado e privado da visão.


Minha nossa, como é linda.


Heitor encostou sua boca na de Naomi. A mulher experimentou um calor percorrer toda a extensão de seus lábios quando uma lí­ngua invadiu sua boca com vontade. O órgão brincou um pouco em sua boca e depois passou para um dos ouvidos, enquanto um par de mãos abriam o fecho de sua saia.


Naomi sentiu a respiração de Heitor descer em seu corpo, primeiro pelo pescoço, depois passando pelos seios até chegar em sua barriga. Sua saia escorregou por suas pernas e a calcinha era a última vestimenta de seu corpo. A visão de Heitor não se cansava de admirar aquelas rendas que cobriam descaradamente os pelos pubianos dela. Agarrou a peça í­ntima e a tirou com cuidado, pôde notar que a parte inferior do tecido estava levemente umedecida. Naomi percebeu o pano passando por suas coxas, por seus joelhos, por suas pernas e por fim vencendo a última barreira de seu corpo que eram seus pés.


Estava finalmente nua, não via nada e mesmo assim sua excitação não parava de crescer. Por alguns segundos ela parou de sentir o corpo de Heitor junto ao seu.


O que está acontecendo? O que ele está fazendo? Está me observando? Eu quero aaiiii... Gemeu de prazer ao sentir a respiração dele perto de sua orelha.


"Quero esse corpo gostoso." Suspirou ele, enquanto lhe dava uma leve mordida na orelha.


"Ele é todo seu..."


Heitor desceu chupando o pescoço dela. No 'escuro', a mulher apenas sentia seu corpo ser explorado e estava adorando a experiência. Era algo novo, maravilhoso e excitante para Naomi. O bico de seu seio foi tocado por algo gelado e sua pele se arrepiou.


Será um gelo? De repente aquela sensação fria foi substituí­da por outra quente que roçava seu mamilo com vontade. Isso ela soube dizer o que era, a lí­ngua de Heitor. A sensação gelada correu por sua pele até o outro seio, logo em seguida a lí­ngua de Heitor seguiu o mesmo caminho fazendo o frio desaparecer e um calor intenso surgir.


A combinação gostosa desses dois sentimentos a deixava enlouquecida como nunca acontecera antes.


"Ahh, ahh." Os gemidos femininos provocavam cada vez mais Heitor. E quando as mãos de Naomi agarraram o lençol para conter seu tesão, o membro do jovem pulsou de excitação em seu corpo.


A sensação gelada desceu dos seios de Naomi e passou por sua barriga. Parou alguns segundos ao redor de seu umbigo e a lí­ngua de Heitor não perdia tempo, seguindo logo atrás. A mulher urrava de prazer, até se envergonhava por estar emitindo gemidos tão altos, mas o que podia fazer? Ela não tinha controle sobre si naquele instante. O homem com quem estava, a explorava de um jeito que simplesmente fazia com que ela perdesse totalmente a autoridade sobre seus atos. A única coisa em que Naomi tentava se concentrar era em agarrar os lençóis para conter os seus braços, senão ambos buscariam o corpo de Heitor. O tesão era tão grande que a força em suas mãos fazia com que as beiradas do lençol saí­ssem de debaixo do colchão.


"Ai Heitor, você está judiando de mim. Não faz isso, nãããooo..."


Ela não se conteve e não conseguiu terminar a frase quando algo tocou seu pelos pubianos e foi descendo até chegar em seu sexo. Que gelado...


Ai que homem! Está me deixando louuucaaa.


Como era de se esperar a lí­ngua veio logo em seguida e quando o órgão tocou a vagina de Naomi, a mulher não se aguentou e pensou que gozaria naquele momento. Teve que fazer um esforço sobre humano para se conter.


Aquela lí­ngua a provocava e a invadia de um jeito até grosseiro, mas era tão arrojada que seu cérebro parecia se desconectar da realidade. A boca de Heitor sugava-lhe toda. Era como um beijo longo e apaixonado. Seu clitóris se via pressionado a todo momento e o prazer se tornava irresistí­vel.


"Ai Heitor, desse jeito eu vou..."


Mas então tudo parou. Ela pôde tomar fôlego por alguns segundos. Que homem é esse, meu Deus. Ouviu o barulho de algo sendo rasgado, com certeza ele estava colocando o preservativo. O corpo de Heitor voltou a roçar-lhe. Ah, não vou aguentar... O peito dele subiu se arrastando pela barriga dela até praticamente parar sobre aqueles seios maravilhosos. Naomi abriu um pouco as pernas e o quadril de seu companheiro se encaixou perfeitamente no meio do seu. Sua vagina molhada implorava para ser invadida. O ato não demorou a acontecer, o toque da cabeça do pênis com os lábios vaginais foi leve, mas provocou uma onda de calor em ambos.


A penetração ocorreu lentamente, Naomi se contorceu de prazer, até sua intimidade ser invadida por completo. Aquele membro pulsante a preenchia vigorosamente. Ela não conseguiu mais se conter, agarrou as costas de Heitor, e ainda com a visão tapada só ouvia uma respiração pesada vinda do corpo que a consumia. Quando ele começou a movimentar seu quadril para frente e para trás foi como se Naomi tivesse sido arremetida da realidade.


O movimento de idas e vindas iniciou-se vagarosamente, e a cada submersão do pênis no interior da vagina, fazia com que os dois órgãos se acomodassem na mais perfeita harmonia, como se ambos houvessem sido feitos um para o outro.


O ritmo das estocadas foi aumentando, assim como a respiração do casal. As pernas de Naomi subiram e prenderam o quadril de Heitor como se ela desejasse que ambos jamais saí­ssem daquela posição.


O jovem sentia seu abdômen bater contra o de sua companheira, seu membro deslizava com desenvoltura, aumentando assim seu contentamento ainda mais. Dentro de si uma energia se canalizava e ela anunciava que o canal de seu pênis tinha sido preenchido por seu sêmen, e o fluido subia a cada estocada. Logo o jorro se tornaria uma realidade. Heitor não tinha intenção alguma de reter seus movimentos, mesmo por que seus ouvidos eram preenchidos pelos pedidos instigantes de Naomi.


"Isso, assim, não para, nããoo paaraa, nãããooo paraaa ahhhhhh."


E quando ele ouviu o último suspiro prolongado dela, simplesmente deixou que seu jorro eclodisse.




Capí­tulo 6




Os dois se encontravam estirados na cama, seus suores se misturavam, o lençol cobria ambos apenas da cintura para baixo. Naomi repousava sua cabeça em um dos braços de Heitor que estava estendido quase saindo para fora do colchão. Ele olhava para a imensidão branca do teto de seu quarto perdido em seus pensamentos. E se descobrisse que tudo não passava de um sonho? Se assim o fosse, jamais ia querer despertar. Olhou para o lado e simplesmente se deu conta de que ali estava o rosto mais lindo que já havia visto em sua vida. Não, aquilo era real! Naomi estava em sua companhia. Ela tombou sua cabeça para a direção oposta e Heitor não conseguiu ver mais sua face. Leves trepidações ocorreram no braço do jovem, a princí­pio ele pensou que fossem leves contrações de seus músculos, só então percebeu que sua companheira estava chorando.


"O que foi? Aconteceu alguma coisa?" A preocupação no rosto de Heitor ficou visí­vel.


Naomi enxugou com uma das mãos as lágrimas que escorriam por suas bochechas e deixando seus olhos contemplarem a vastidão do teto falou com a voz trêmula.


"Eu poderia ficar aqui desse jeito pelo resto da minha vida."


Imediatamente o alí­vio tomou conta dele e considerando rapidamente a sugestão que havia ouvido, não pensou duas vezes em responder.


"Então por que não fica?"


Ela o encarou com o rosto comovido. "Pare de brincar comigo. Estou falando sério."


"Eu também, nunca falei mais sério em toda minha vida." E Heitor estava sendo verdadeiro em sua colocação. Estava tão feliz por ter conhecido Naomi e ter tido momentos tão maravilhosos que agora nem se importava com mais nada. Homero poderia ter pego dez, vinte, trinta anos de cadeia que ele estaria pouco se lixando. A única coisa que queria era poder passar o resto de seus dias ao lado da mulher com quem compartilhava sua cama.


"Não posso, tenho minha vida." Ela realmente parecia estar muito decepcionada ao dizer aquelas palavras. "Lembra-se quando disse que aqui eu poderia ser outra pessoa?"


"Sim. Recordo todas as palavras que você me disse até agora."


"Pois bem, aqui eu posso fazer isso. Sair daquela loucura que é a Capital, tirar a máscara, não precisar manter a pose e ser apenas uma simples mulher ao lado de seu homem." Ela passou a mão pelo peito dele e deu um leve beijo em seu mamilo.


"Para mim você só não se parece com uma simples mulher, porque é linda demais para ser considerada como tal."


Naomi tinha receio de começar a chorar novamente, Heitor estava sendo maravilhoso. E ela se sentia tão bem ao seu lado que decidiu se abrir e contar um pouco de sua história. Se ele gostasse dela do jeito que estava admitindo, teria que aceitá-la como ela era.


"Vou te dizer um pequeno segredo." Naomi fechou os olhos por um momento como se precisasse reunir forças para contar o que escondia consigo. Heitor esperava pacientemente. "Quando eu era pequena, fui abusada por meu pai." Heitor viu traços de ódio aparecer na face dela. "Ele... Ele se aproveitava da ingenuidade de uma pobre menina."


"Agora entendo por que você disse que tem algumas 'desavenças' com seu pai e por isso não gosta de usar seu primeiro nome."


Ela confirmou com a cabeça e continuou dizendo enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.


"Minha mãe me contou que os dois tinham seus nomes preferidos para colocar em mim, mas nenhum queria ceder, por isso chegaram a um acordo comum. Eu teria ambos os nomes. O que minha mãe escolheu, Naomi e o que meu..." Ela mordeu os lábios e simplesmente suprimiu o restante da frase, quando continuou apenas finalizou sua citação. "Não gosto nem de lembrar."


Heitor achou prudente não perguntar qual era o nome e preferiu voltar o assunto para a figura materna de Naomi.


"Você tentou falar com sua mãe quando isto aconteceu?"


"Você sabe como são as crianças, sempre com medo. Medo de que se eu dissesse o que acontecia, meus pais se separariam e minha mãe me culparia por isso."


"Você era apenas uma criança. Não tinha como ter culpa de nada."


"Sim, isso é verdade e hoje sei disso, mas crianças tem medo de tudo, acreditam em tudo." Ela passou as mãos pelo rosto. "Mesmo assim chegou um dia que tive coragem e contei."


"E o que aconteceu?"


"Eu fiquei no banco dos réus e meu pai foi condenado a mais de dez anos de prisão. Minha mãe não suportou a dor de tudo, ficou doente logo após e faleceu."


"E quanto a seu pai?"


"Foi assassinado na cadeia."


"Que história mais triste, sinto muito por você ter passado por tudo isso. Deve ter sido muito duro."


"Foi, e desde então todos os homens que tive na vida eu os dominava e fazia sexo do meu jeito. Meu intuito era satisfazê-los para nunca deixar que eles me 'tocassem'."


"Isso me soa um pouco estranho."


"Pode parecer, mas é assim que sou. Não confio nos homens e eles não confiam em mim. No que diz respeito a sentimentos. Apenas os satisfaço"


"Mas hoje você não me dominou, quero dizer no..."


"No sexo." Ela se virou para o lado. "Não, hoje pela primeira vez na minha vida me entreguei para alguém, você me teve toda e fez o que quis comigo."


"Você está arrependida?"


"Não seu bobo." Ela começou a chorar novamente. "Hoje foi especial demais para mim. Foi meu primeiro orgasmo na vida."


Ela voltou a chorar, Heitor a abraçou por trás e eles ficaram ali, deitados, observando a chuva cair no vidro da janela.




O tempo ia passando e Naomi continuava amparada nos braços de Heitor. Ela não acreditava no que havia acontecido. Ter achado um homem tão especial em um local que jamais esperaria encontrar alguém. Aliás, ela jamais pensou que encontraria alguém que a completasse em sua vida. Mas ali nos braços dele... Ficou com medo de voltar a chorar.


"Ei." Chamou Heitor. "Está dormindo?"


"Claro que não, como eu poderia depois de tudo o que passamos?"


"Ainda bem, achei que minha companhia tinha sido um tédio para você."


"Seu bobo, pare de falar besteira."


"Mas por que você não me diz mais sobre seus sonhos? Você disse que queria ser apenas uma mulher simples. O que você realmente sonha em fazer?


"Sonhar? Bem... Quero continuar a trabalhar e colocar todas as pessoas que abusam dos outros atrás das grades."


"É um pensamento nobre."


"Por isso que de certa forma não aprecio que você tenha defendido Homero, eu jamais defenderia um réu acusado de abuso." Naomi ficou quieta alguns segundos. "De certa forma me sinto culpada pelo que aconteceu."


"Por quê?"


"Por que fui eu quem arrumou o emprego para a pessoa que foi abusada. Ela era minha amiga."


"Puxa, e eu que acreditei que fosse por minha causa que você foi até o tribunal." Brincou Heitor tentando fazê-la sorrir.


"Seu convencido, quando cheguei você estava tão 'perdido' que achei muito divertido como tudo estava sendo conduzido. Juro que pensei que você fosse perder. "


"Eu não estava perdido, eu fiquei perdido quando você chegou."


"Mas voltando ao assunto, meu verdadeiro objetivo é ganhar dinheiro suficiente para um dia sumir de tudo isso, viver em um lugar que ninguém me conheça, para poder começar uma vida nova."


"Sonho simplista esse seu, hein?"


"Não é não, então me diga qual é o seu?"


"Eu sonho em crescer no escritório que estou. Ganhar fama e conquistar muitos clientes e num futuro próximo abrir meu próprio escritório de advocacia. Quero fazer as coisas do meu jeito."


"E ter uma secretária como seu chefe?"


Ele riu da colocação dela.


"Não se eu tiver uma mulher como você ao meu lado."


"Eu acho que você não ia me aguentar."


"Ah é? Por quê?"


"Posso não parecer, mas sou muito mandona."


"Acho que para isso só terí­amos uma solução."


"Qual?"


"Você teria que trabalhar para mim."


"Você? Como meu chefe?"


"Isso mesmo, ai eu poderia mandar em você do jeito que eu quisesse."


"Só não me peça para manter relações em um banheiro de um bar como seu chefe. Seja decente e pague ao menos um motel para irmos."


Mais uma vez ele riu do sarcasmo de sua companheira e até Naomi se surpreendia com sua atuação, afinal ela nunca acreditou ter senso de humor. Ao lado de Heitor, ela se transformava em outra pessoa.


Ele acariciou lhe as pernas e pressionou mais seu corpo contra o dela.


"Hum, hum." Naomi postou um sorriso em seu rosto.


"O que foi?"


"Vejo que alguém está acordando de novo." Disse ela sentindo um membro duro pressionar suas nádegas. "E pelo visto já quer brincar de novo."


"Você sabe como é, está chovendo, estamos aqui deitados, e ele fica incomodado de desperdiçar tempo."


Naomi olhou para frente e viu um pedaço de fita que parecia ter se descolado da parte inferior da mesa.


"O que é aquilo?" Perguntou cheia de curiosidade.


"Bem..." Heitor parecia envergonhado. "Eu, como todo mundo, possuo algumas manias. Tenho um cofre aqui no apartamento, onde guardo todas as coisas que são importantes para mim." Parou de falar como se estivesse constrangido em continuar, então Naomi se viu na missão de ter que instigá-lo a prosseguir.


"O que tem haver as coisas que você guarda no cofre com aquela fita presa embaixo da mesa."


"É que costumo prender um papel, onde fica a combinação para abrir o cofre, com fita adesiva embaixo da mesa." Mesmo com Naomi de costas para ele, Heitor pode perceber que ela não estava acreditando em suas palavras, parecia uma atitude absurda. Ele tratou de se explicar. "É que se um dia alguém entrar aqui, aposto que nunca irá pensar que a combinação para abrir o cofre está em um papel preso embaixo da mesa.


"Você tem toc." Brincou ela.


"Não tenho não."


"Claro que tem, transtorno obsessivo-compulsivo. Por que senão, bastava memorizar a combinação."


"Minha memória não é lá essas coisas, com certeza esqueceria os números e teria que arrombar a porta."


"Além do mais, eu consigo ver a ponta da fita aparecendo debaixo da mesa. É claro que iria verificar o que era." Indagou Naomi.


"Bem, é que desta vez fui relaxado."


Ele a virou, puxou-a para si e a beijou mais uma vez.


"Você vai mesmo embora amanhã? Por que não fica aqui comigo?"


Era uma proposta tentadora, Naomi via que Heitor estava realmente falando sério.


"Tenho que ir." A voz dela saiu carregada de tristeza. "Eu já disse que isto é um sonho. Na vida real, tudo é diferente. Não sei se..."


Ele colocou o dedo nos lábios de Naomi impedindo que a frase prosseguisse.


"Vamos nos ver de novo?"


Ela se sentia triste, suas vidas eram muito diferentes, mas o sorriso de Heitor fazia tudo parecer tão simples e fácil.


"É claro, a menos que você não queira." Respondeu por fim, se rendendo aos encantos dele.


"É tudo o que desejo. Amanhã posso te levar até..." Ele se lembrou que não fazia a mí­nima ideia do modo como Naomi chegou a cidade. "Até onde você quiser."


"Ummm parece uma ótima sugestão."


Voltaram a se beijar e fizeram amor novamente. Heitor a abraçou e adormeceu. Teve um sono profundo e gostoso com a pessoa mais linda que havia conhecido. E chegou a uma certeza naquela noite, estava apaixonado pela mulher que tinha em seus braços.




Acordou de manhã sentindo um volume entre seus braços, imprimiu força em seus membros e percebeu o volume diminuir. Abriu seus olhos e notou que abraçava o travesseiro. Ergueu a cabeça e olhou para o lado, sua cama estava vazia. Levantou seu corpo e procurou por Naomi em seu quarto. Nada. O local estava deserto.


Heitor notou que na fita adesiva solta embaixo da mesa havia algo preso. Caminhou até a mesa e tirou uma flor feita com folha de caderno como se fosse um origami.


Ao puxar uma das dobras, encontrou uma palavra escrita com caneta. "Abra". Quando desdobrou a flor, leu a seguinte frase.


"Obrigado pela maravilhosa noite, foi um sonho que nunca tive. Você me fez esquecer quem sou e pude conhecer meu verdadeiro eu. Mas esse sonho, como todos os outros, uma hora acabaria e preferi acordar dele antes para não me machucar mais, pois se isso se prolongasse eu poderia vir realmente a gostar de você."


Heitor ficou sentado, sabe-se lá quanto tempo com o papel nas mãos.


Por muitos meses ele tentou encontrar Naomi, mas o jovem não tinha nada como referência, telefone, endereço ou algum contato. Como havia sido estúpido. A única coisa que sabia era que ela morava na capital e que seu nome era Naomi. Aliás, segundo nome, se tivesse pelo menos o primeiro nome ou sobrenome talvez a tarefa ficasse mais fácil. Essa única informação se mostrava insuficiente para iniciar uma busca na capital por uma mulher. Os meses seguintes foram um tormento para ele, Naomi não saiu-lhe do pensamento.




Capí­tulo 7




Duarte pediu para Estefani chamar Heitor a fim de terem uma conversa particular, quando o jovem entrou na sala viu o sócio majoritário do escritório andando de um lado para o outro esfregando as mãos. A cena lembrou-lhe um leão enjaulado em um zoológico. A princí­pio pensou que pudesse ser o frio o responsável por aquela atitude, mas com uma análise mais apurada pôde perceber que se tratava de puro nervosismo. O homem pediu para Heitor esperar um pouco enquanto atendia uma ligação que acabara de ser transferida para seu ramal.


"Bom dia senhor Marcus, claro senhor, ele está aqui na minha frente agora. Nós faremos isso. Vou enviá-lo o mais rápido possí­vel. Não, eu é que agradeço." Duarte desligou o aparelho e mirou Heitor com um olhar de satisfação. "Temos um novo caso."


"Um novo caso?" Empertigou-se Heitor.


"Isso mesmo, e esse é dos grandes. Lembra-se do caso de assédio envolvendo Homero?"


Como poderia esquecer? Foi nele que vi Naomi pela primeira vez. "Claro que me lembro."


"Pois bem, desta vez o caso é bem maior, de âmbito nacional. Você já ouviu falar de Júlio Salomino?"


"O megaempresário? Dono de redes hoteleiras, cadeias de supermercados, cinemas, escritórios e tantas outras coisas que se eu for fazer uma lista completa de todos os seus bens ficaremos aqui até amanhã." Brincou Heitor, tentando descontrair um pouco o clima.


"Ele mesmo, e adivinhe?" Heitor fez um sinal de que não fazia ideia ao que Duarte se referia. "Ele está sendo acusado de abuso sexual."


"Com toda influência de que ele dispõe, com certeza o filho da mãe vai se safar rapidinho." Debochou Heitor.


"Não se a pessoa que o acusa for tão grande quanto."


"Quem seria?"


"Sua mulher, ela o acusa de abusar do próprio filho." Duarte passou uma foto para Heitor onde era possí­vel ver dois homens idênticos lado a lado. Heitor ia questionar sobre ambos, mas Duarte se antecipou à sua pergunta. "Na foto esses dois homens são Raul e Júlio, os irmãos Salomino. Imigrantes que desembarcaram aqui com apenas as roupas do corpo e que construí­ram seu império em nosso paí­s. Apesar de serem 'praticamente' idênticos, Raul era um ano mais velho que seu irmão." Heitor se atentou para o verbo conjugado no passado por Duarte. "Quando iniciaram suas operações os irmãos foram acusados de serem os chefões da Máfia. Conseguiam tudo o que queriam, usando a força, o medo, intimidações e ameaças. Subornavam agentes estaduais e federais, compravam influências. Até a homicí­dios estavam associados seus nomes. A polí­cia, fez uma vasta operação para apreendê-los. Estava tudo arquitetado para colocá-los atrás das grades, mas então Raul faleceu envenenado e por coincidência o chefe da força federal que comandava a operação também veio a perder a vida em um acidente de carro. A operação deixou de ser uma prioridade. Isso por que todos acreditavam que Raul era o cabeça da dupla e sua morte reteria o avanço do império. E assim se fez, com Júlio no comando tudo se moveu em um ritmo bem menor, e a polí­cia tirou os olhos de cima dele. De qualquer forma, o império Salomino está aí­ diante de nossos narizes e não pode ser ignorado. Muitas acusações foram feitas durante a administração de Júlio, mas nenhuma até hoje chegou ao seu final. As ví­timas desistiam das acusações misteriosamente, uma ou outra desapareceu... O fato agora é diferente pois é sua própria mulher que o acusa."


"Isso é ótimo, com ela como testemunha, será mais fácil..."


"Este é o problema." Duarte não deixou Heitor completar a frase. "Ela faleceu em um acidente de trânsito ontem." Ele encarou Heitor com cumplicidade. "Eu sei o que você está pensando. Que Júlio é o responsável por isso, muitos pensam assim, mas não existe prova nenhuma de que ele foi o culpado. O importante é que nossa acusação recai sobre o abuso que o filho sofreu e se conseguirmos ganhar a causa será mais que suficiente para colocar Júlio atrás das grades por longos anos."


Você quer dizer: Conseguir uma grande visibilidade para o escritório. Pensou Heitor.


"Neste momento enquanto conversamos, vários peritos estão vasculhando a casa da esposa falecida atrás de provas que incriminem Júlio. Tenho contato com alguns destes profissionais e eles me prometeram exclusidade caso encontrem alguma coisa de extrema importância."


"Mas ainda podemos contar com o testemunho do filho?"


"Não creio que isso seja possí­vel no momento." Duarte deu uma bela suspirada. "Me disseram que o garoto está em estado de choque por conta da morte da mãe e muitos juram que ele teme o pai, assim como o diabo teme a cruz. Se o coitado subir naquele tribunal e não creio isso aconteça, não será de muita ajuda. Ele tem apenas nove anos. Não, eles não exporiam a criança há uma situação dessas."


"Você tem que conseguir que o garoto seja chamado para depor."


Duarte abaixou os ombros e deu uma bela suspirado, tentando aliviar sua fadiga.


"Não creio ter poderes para isso." Vendo o rosto ansioso de Heitor, ele se rendeu. "Está bem, vou ver o que posso fazer."


"Se o garoto comparecer, conseguirei com que Júlio seja condenado." Afirmou o jovem advogado cheio de confiança.


A porta da sala foi aberta e Gregory entrou furioso no local. Mirou para os dois homens de maneira acusatória, até que Duarte lhe dirigiu a palavra.


"Pois não Gregory, deseja alguma coisa?"


"Você está dando meu caso para ele?" O advogado apontou o dedo acusador para Heitor.


"Este nunca foi seu caso, Gregory." Respondeu Duarte com toda a calma do mundo.


"Mas eu o mereço por que não pude finalizar o caso Homero. Você me deve isso."


Duarte o encarou com ar cansado, pelo visto os dois já haviam discutido esse assunto antes.


"Foi uma fatalidade o que aconteceu com você no caso Homero e todos concordamos com isso, mas este caso foi designado especialmente para o Heitor."


"Para ele ferrar com tudo outra vez? Ele praticamente arruinou o caso Homero. Eu o teria deixado livre da sentença, no máximo ele pagaria uma fiança ou prestaria algum serviço comunitário. Não acredito que você está dando esse serviço para ele."


"Pois é bom começar a acreditar, além do mais ele é o único que já realizou o feito que está nos aguardando."


"E qual seria?" Quis saber Heitor.


"Ganhar da Devoradora, só que desta vez na capital."


*Publicado por chriswryter no site promgastech.ru em 31/12/17.


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