O Outro em Mim: Diário de uma vida secreta

  • Temas: traição, casado, virtual, fetiche, sexting, casada, segredo
  • Publicado em: 12/08/25
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  • Autoria: Marcelo2991
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Faz tantos anos que habito essa dualidade, ora doce, ora difícil; ora domada, ora entregue ao impulso… Que já nem sei por onde começar a falar sobre ela. Ainda assim, escolho este espaço para partilhar um pouco da minha vivência. Talvez seja um desabafo. Talvez, uma confissão. Seja como for, desejo apenas deixar este registro. Não escrevo com a intenção de inspirar ou provocar reflexão em alguém, embora isso possa acontecer. Escrevo porque carrego em mim o peso e o brilho de tudo que vi, vivi e busquei. Aquilo que consumimos, afinal, nos molda. E o que sou hoje é, sem dúvida, a soma do que me atravessou e do que escolhi perseguir até aqui.


Entro em chats de bate-papo desde os meus 17 anos. Hoje escrevo estas linhas com 33. Curiosamente, conheci o bate-papo do UOL num momento, digamos, irônico. Eu havia acabado de passar por uma cirurgia de fimose e estava de licença da escola e do trabalho por uma semana. Por recomendação médica, era terminantemente proibido que eu tivesse qualquer ereção, algo que, na adolescência, parece quase impossível.


Eu já consumia pornografia, já não era virgem, mas, até então, nunca tinha tido uma experiência íntima com uma garota da minha faixa etária. Essa, no entanto, é uma história para outro dia.


Desde muito novo, sempre fui fascinado por mundos de fantasia. Era um leitor voraz de histórias como O Senhor dos Anéis e As Brumas de Avalon, mas também mergulhava nas páginas de HQs, mangás, filmes e séries. Eu consumia tudo! E mais ainda naquele tempo, quando descobri que podia acessar uma infinidade de conteúdos, gratuitamente, ainda que de forma pirata. Era como abrir as portas de um mundo sem limites, onde realidade e imaginação se misturavam, e eu me deixava levar.


Sempre tive uma certa facilidade com tecnologia. Era curioso por natureza e, desde cedo, aprendi a acessar quase qualquer tipo de conteúdo de entretenimento de forma segura. Mas naquela semana, isolado em casa por conta da cirurgia, já havia esgotado tudo o que podia consumir nos meus momentos de tédio, comecei a sentir o peso do tempo livre demais. Foi então, navegando sem rumo pela internet, pulando de curiosidade em curiosidade, que acabei chegando ao site da UOL. Estava lendo um artigo qualquer, quando um link me chamou a atenção: “Bate-papo”. Cliquei, mais por impulso do que por intenção.


De início, me espantei com os apelidos estranhos, quase todos com um toque provocativo, embora, olhando hoje, aquilo fosse até leve comparado ao que se vê agora. Mesmo assim, em pouco tempo já conseguia distinguir os nicks femininos dos masculinos. Enviei algumas mensagens para os nomes que achei mais interessantes, mas ninguém respondeu. Foi aí que me ocorreu: se posso escrever reservadamente, por que não mandar uma mensagem para todas as mulheres da sala? Foi o que fiz. E, para minha surpresa, as respostas começaram a chegar.


Eu não sabia muito bem o que dizer, nem como abordar aquelas pessoas. Usava como base aquilo que via nos outros, misturado ao pouco de educação que carregava comigo. No começo, havia uma mistura de curiosidade e malícia. Era excitante? Sim, mas se eu disser que estava ali em busca de sexo, estaria mentindo. O que me movia era o sabor de algo novo, um território onde eu podia conversar com desconhecidos, com certa segurança. Se algo saísse do controle, bastava sair da sala ou simplesmente deixar de responder. Muitos faziam isso comigo, aliás. Claro que, naquela época, eu mentia sobre tudo: idade, nome, cidade, o que fazia da vida. Não tinha a menor noção de segurança digital, nem consciência dos riscos envolvidos. Para mim, era apenas um jogo anônimo entre vozes, onde bastava teclar para ser outra pessoa.


Com o tempo, fui me familiarizando com aquele novo mundo. Até que, em uma das conversas, uma mulher um pouco mais velha (na faixa de uns 40 anos) me passou uma sensação de segurança e conforto que me encorajou a levá-la para fora daquele espaço virtual. Naquela altura, eu já imaginava que isso aconteceria cedo ou tarde, seja com ela, ou com outra pessoa qualquer.


Na época, trocamos contatos no MSN, e a conversa continuou por lá. Enviamos algumas fotos, mas nada íntimo, nada que beirava o explícito. Conversávamos de forma natural, como se já nos conhecêssemos há algum tempo. E, embora eu sentisse atração por ela, e sim, desejasse comer ela, mesmo que fosse apenas por mensagens, eu não sabia bem como abordar esse tipo de assunto.


Hoje chamariam isso de sexting, mas naquele tempo esse termo nem fazia parte do meu vocabulário. Havia, sim, um clima, uma tensão implícita, mas minhas tentativas mais ousadas, ainda que sutis, não pareciam surtir efeito. Ela não respondia com um claro “sim”, nem com um “não”. Ficava ali, naquele espaço indefinido, como diz o velho ditado: não transava, nem saía de cima.


Não consigo me lembrar com exatidão da minha primeira experiência de sexting. E, para ser sincero, também não recordo o primeiro momento diante de uma webcam ou do primeiro nude recebido. Acredito que isso se deva à explosão de sensações e emoções que vivi nesses primeiros encontros virtuais.


Como era possível que eu, um rapaz tímido, inseguro, cheio de questões não resolvidas comigo mesmo, estivesse conseguindo viver uma intimidade que, fora dali, me parecia tão distante? E mais: de forma não exatamente fácil, mas com uma frequência considerável e, para mim, surpreendentemente prazerosa.


Naquela época, porém, minha imaturidade ainda falava alto. Eu não tinha consciência sobre responsabilidade afetiva, nem nutria sentimentos profundos por quem estava do outro lado da tela. Faltavam cuidado, empatia, carinho. Coisas que hoje, com o tempo e as cicatrizes, se tornaram essenciais e inegociáveis para mim.


Vivi experiências boas e outras nem tanto. Conversei com mulheres, casais, pessoas trans e até com alguns homens. Nem todos esses encontros foram sexuais, e nem precisavam ser. O mais fascinante era me conectar com pessoas de diferentes culturas, histórias e formas de ver o mundo. Sempre fui muito curioso, e isso me permitia estar ali, diante delas, mais como um aprendiz do que qualquer outra coisa. Na maioria das vezes, conversava com pessoas mais velhas do que eu, o que, acredito, contribuiu muito para o meu próprio amadurecimento.


Durante esse período, também vivi alguns relacionamentos no “mundo real”, até que conheci aquela que viria a ser minha esposa, com quem estou até hoje. Mas, desde cedo, decidi que essas conversas, esse universo paralelo, seriam um segredo só meu. Nunca compartilhei isso com amigos, e muito menos com as mulheres com quem me relacionei. Isso me trouxe culpa, confesso. Mas, paradoxalmente, essa mesma dualidade, a mistura de segredo e prazer, me provocava uma excitação difícil de explicar.


Com o tempo, percebi que muitos homens entravam nas salas com intenções bem definidas. As mulheres também, é verdade, mas, em geral, eram mais discretas nos primeiros momentos. De alguma forma, eu queria me diferenciar daquela multidão masculina que parecia interessada apenas em arrancar das mulheres algum tipo de prazer imediato, quase sempre com pressa, quase nunca com cuidado.


Esse desejo de ser diferente me levou a pesquisar sobre o que as mulheres gostam, não apenas na cama, mas fora dela também. Com o tempo, essa busca foi moldando em mim uma visão mais respeitosa, mais responsável, mais alinhada com a postura de um homem que enxerga o outro como pessoa, e não apenas como um corpo a ser conquistado. Isso se estendeu além das mulheres; passei a encarar cada interação com mais empatia e presença, fosse com quem fosse.


Ao mesmo tempo, eu ainda consumia bastante pornografia. Mas comecei a notar as distâncias… às vezes sutis, às vezes gritantes, entre o que ela mostrava e o que é, de fato, o sexo real, vivido, seja ele virtual ou físico. Essa percepção me fez buscar conteúdos que tivessem mais história, mais verdade, algo mais cru e humano. Comecei a preferir materiais que parecessem amadores, mais próximos da realidade, embora, hoje em dia, mesmo o que se vende como “amador” raramente seja de verdade.


Passei a me abrir, de verdade, para as experiências que surgiam. Não ignorava ninguém por seus gostos, preferências, fetiches ou aparência. Eu queria, de fato, explorar tudo o que fosse possível. As únicas barreiras que estabelecia eram claras: jamais interagir com menores de idade, com pessoas que parecessem repetir frases no “piloto automático” ou com propostas que beiravam o extremo, ou o criminoso.


Fora isso, queria ver todas as possibilidades. Testar, sentir, descobrir o que me agradava e o que não. E, nesse processo, fui percebendo que gostava de muitas coisas, talvez mais do que imaginava. Também aprendi a gostar de algumas com o tempo, e a deixar de gostar de outras. Comecei a enxergar beleza e sensualidade em todos os tipos de corpos. E mais: aprendi que a personalidade de alguém pode ser um adorno poderoso da sua beleza, tanto interior quanto exterior, e que isso, por si só, pode tornar tudo ainda mais excitante.


Adquiri fetiches, perdi receios e nojos, fiz amizades, vivi relacionamentos e busquei experimentar com intensidade os meus desejos. Muitas das fantasias que explorei e imaginei online, aos poucos, consegui trazer para a realidade… Mas essas são histórias para outro momento. Também fui ferido, e feri. Pessoas, sentimentos... Caí, levantei, aprendi.


Acabei construindo, com o tempo, praticamente duas vidas: em uma, sou o marido responsável, íntegro, presente. Na outra, dou vazão aos meus desejos, à minha sexualidade, sem freios, no limite do que posso viver, mas de modo que seja seguro para mim e para a outra pessoa e minha família. Fiz faculdade, carreira, me relacionei, me casei, construí coisas sólidas. E, para ser sincero, não sinto que me falte algo para estar aqui. Por vezes, me culpei. E ainda hoje, em alguns momentos, a moralidade sussurra na minha consciência. Mas, agora, mais do que em qualquer outro tempo, sinto paz com essa dualidade… E amo a vida que construí.


Talvez muitos, ao lerem isso, assim como acontece nos chats quando revelo meu modo de viver, me condenem. Mas senti vontade de partilhar. E escolhi fazer isso aqui, num espaço onde percebo um certo tipo de liberdade. Com isso, dou início ao compartilhamento dessa minha segunda vida: adúltera, pervertida, sexual e deliciosa. Espero que gostem.


Se quiserem, sintam-se à vontade para deixar comentários, críticas, ou mesmo apenas dividir o que sentiram ao ler. Estou aberto a isso.


E, se quiserem interagir de forma mais próxima, meu e-mail é: Com.


Obrigado pelo espaço, pessoal. Até a próxima.



*Publicado por Marcelo2991 no site promgastech.ru em 12/08/25. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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