Dani- O começo

  • Conto erótico de romance

  • Publicado em: 12/08/22
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  • Autoria: LukeBlack
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Essas últimas palavras que Dani havia dito foram as primeiras que ela gravou quando nos conhecemos. Não contei sobre a Dani, porque eu comecei da metade. Eu tinha uns 20 anos, e estudava no conservatório desde os 8. Sou de uma família de músicos. O meu avô havia fundado a primeira banda de marchinha de carnaval da cidade. E minha mãe era uma cantora amadora , nunca estudou música, mas sempre teve muito talento e potencial na voz, ela tinha tudo para ter se profissionalizado, mas aí entrou para a igreja na adolescência e fez parte de um coral. Quando se casou com meu pai, largou o coral e aí eu vim, com toda essa informação no DNA, mas era bastante introspectivo.


Dani não foi minha primeira namorada, nem minha primeira mulher, mas com certeza a primeira que valorizou meu potencial a ponto de sair de casa para poder descobrir meus outros atributos. E foi minha primeira paixão após eu… minto após Bia terminar comigo. Eu havia ficado arrasado, e levou um tempo para eu me abrir até com a minha mãe. A Dani era amiga da minha mãe e fazia a unha e o cabelo dela no salão que havia aberto com outra garota. Elas se identificaram bastante , passaram a visitar a igreja uma da outra, e num belo dia, eu praticando violão dentro do meu quarto, cantando Oceano( aquela última frase no episódio anterior é um verso da letra eterna do Djavan, o maior monstro da música popular), e enquanto eu tocava, pude sentir que alguém estava atrás da porta, porque a luz do corredor estava acesa e, pude ver que havia uma sombra por baixo. Eu arrepiei na hora, mas tomei coragem e abri de surpresa pra ver quem era, e Dani gritou dando risadas e a minha mãe ria alto.


" Perdão, meu filho, tava parada com a Daniela admirando seu potencial."


" Olha, sua mãe canta muito, eu já a vi louvar algumas vezes, mas você não fica atrás. Fariam uma bela dupla", disse Dani olhando para mim pela primeira vez. Os olhos azuis dela eram claros como o oceano. É muito bonita. Ela tem o cabelo ruivo, natural, um rosto redondinho, seios fartos, a boca larga, rosada, e apesar de o corpo não tão em forma, e aparentar ser mais velha do que é, me atraiu na hora. Ela tinha 25 anos enquanto eu estava na metade dos meus 20, com quase 2m de estatura, sem um fio de barba no rosto, magro e um pouco abatido porque estava tentando superar a ausência da Bia. Mas enfim. Há tempos que olhos como os de Dani não me encantavam.


" Então você é a famosa Dani, de quem minha mãe fala. Encantado."


" Prazer é meu. Tem uma voz muito bonita. Será que se a gente convidar você para uma tarde de música, você nos daria a honra de poder…"


" Sabe, Dani, ele tá um pouco afastado da igreja. Tá precisando de um ânimo pra poder sair desse quarto, respirar um pouco. Ele estuda bastante violão. Já participou de concertos, foi o melhor aluno do conservatório, mas agora vive pela noite, tocando com o grupo dele, ganhando uma grana boa, mas eu sinto que o potencial dele não tá sendo muito explorado", dedurou minha mãe pra Dani.


" Dani, eu adoraria participar, mas afora isso eu tenho um compromisso todo fim de semana. Além disso, eu não me apresento cantando."


" Nossa! É sério? Porque você tem uma voz tão linda…"


" Hahahahaha! Obrigado pela generosidade. Mas eu não curto cantar. Meus dedos falam melhor que as cordas vocais."


" Eu discordo. Eu acho que você pode até melhorar e passar a se apresentar sozinho. Eu adoraria vê-lo cantar. Eu sei que esse não é o tipo de música que ouço diariamente, mas só de ver um jovem cantando algo que não é sobre sexo, traição, adultério, já ganha ponto comigo. De qualquer forma, eu deixo o convite. Se quiser participar…"


" É de tarde, né? Okay. Acho… que dá pra eu ir."


" Ué? Vai mesmo, Lennon? Tô até admirada!", minha mãe estava incrédula, mas sacou por que eu havia aceitado. E acho que você que tá lendo também.


" Jura!? Ai que legal, o pessoal vai amar te conhecer lá. "


" Muito bem, Negão! Vai e que isso se repita muitas vezes. Quem sabe você não volta e canta com alegria, solta essa voz abençoada. "


" Ah, mãe! Não exagera, tem gente melhor que eu, com certeza. Dani, como você disse que é à tarde, você me diz o horário e eu vou."


" De jeito nenhum! Eu posso passar aqui pra te buscar. Aliás, eu vou passar aqui pra te buscar. Tenho que deixar um negócio com sua mãe, e aí…"


" Ok. Ninguém nunca veio me buscar, hehehehehe. Mas achei legal. Eu vou preparar uma música. Vou participar, com certeza!"


E assim, aguardei dois dias até o sábado chegar, e ensaiei bastante porque não queria passar vergonha. Chegou o dia e eu estava super ansioso, porque… bem, quem não ficaria ? Eu não canto na minha banda, sou cantor de quarto. Na hora certinha, Dani chegou. Era uma tarde de sol, e… ela tava linda, com os cabelos ruivos cacheados, um vestido longo, preto, floral, muito bonito. Toda produzida. Nem muito sensual, nem muito brega. Estava bem elegante.


" Uau! Seja bem-vinda. Você tá muito linda, se me permite dizer! "


" Ooowwnn, brigada! Você também ficou muito bonito de Blazer azul e calça cáqui, sapato marrom, nossa! Tá um gato!"


Chega minha mãe, inconveniente, pra dizer que nós até pareciamos um casal , indo pra igreja.


" Quer me matar de vergonha, avisa primeiro, mãe! O que ela vai pensar?"


" Deixa de ser bobo, garoto! Vocês estão lindos! Divirtam-se", disse ela colocando algo no meu bolso. Sabia que era dinheiro, mas não precisava de dinheiro.


Coloquei a viola nas costas e fui conversando com ela, parecia que o tempo não passava. Daí me lembrei que ela deixaria algo com a minha mãe. E perguntei o que seria.


" Sinceridade? Eu só vim te buscar. Eu só falei aquilo porque achei que no dia você fosse dar pra trás, com vergonha."


" Aaaahahahahahahaha! Quando eu dou minha palavra , eu cumpro. Imagino que você deve ter tomado bolo de alguém. Eu entendo. Mas amei que tenha vindo. Eu tava bem ansioso. Até me preparei bastante."


" Com aquele vozeirão todo, Lennon, se já tivesse o costume de cantar, não pareceria que nunca cantou em público. Imagina fazendo uma serenata pra alguém. "


" Tempo que não sei o que é isso."


" Sério? Então você…"


" É. Não tenho namorada. E honestamente duvido que hoje em dia gostem de tipos como eu."


" Sempre tem alguém com bom gosto o suficiente pra amar o que faz. "


" Se você diz, então eu acredito. "


Ao chegarmos, não era bem uma igreja, era na Lona Cultural, achei muito bacana, e na verdade o Festival era de Música Popular. Mas a maioria dos convidados eram alunos da igreja, alunos de canto, e tava cheio. Para minha surpresa, quando começou o festival, haviam convidados que nem cantaram gospel. Aí, meu irmão , me senti em casa e até desviei da idéia de tocar minha música. Eu era o 17° a se apresentar. Quem estava a conduzir o Festival era a Professora Paula, aquela que fez uma parceria comigo para montarmos o estúdio, e tal. E quando ela anunciou meu nome, foi até uma histeria, porque não é todo dia que tem um John Lennon tocando no bairro. Agradeci aos efusivos aplausos, e mudei a música, até porque o motivo vocês já se ligaram. Foi para cantar o que a Dani ouviu. Eu não tinha ensaiado , mas havia praticado e dediquei a música a ela. Houve um frisson no meio da platéia, e coloquei toda minha alma na música Oceano. Fiquei surpreso porque muitas pessoas conheciam e cantaram comigo. Inclusive ela, que estava com a face ruborizada e os olhos fitos em mim. E os meus nela. Todo o tempo. Meus dedos suavam. Os lábios secando. Nossa! Seria a felicidade voltando? Eu estava apaixonado por ela? " Mas e se ela não me aceitar devido nossa diferença de idade?"


Aquela eternidade, num instante, tornou-se uma explosão de gritos no fim. Foi quando despertei do transe que vivi nos últimos segundos, cantando a famosa frase de Oceano: "Só… sei… vi…ver… se…for…por… vo…cê!" Desci com vergonha do palco, mas realizado. Olha que me apresentei várias vezes em grupo, mas nada como aquilo. Nem haverá igual. Porque foi por algo mais puro , que ainda não sabe a força que tem. E eu não poderia ignorar isso. Era ela.


" Nossa, foi lindo demais, Lennon!", dizia Dani, ruborizada.


" O gosto da felicidade é simples. Obrigado, Daniela. Não sabe o valor do que fez por mim. Agora eu sei que é mais do que eu imaginava."


" Basta crer. Tá aqui dentro de você. Eu vi!", disse colocando a mão sobre meu peito. Peguei sua mão e dei um beijo nela. " Hoje eu vi também. Não é complicado. É simples!"


Ela ficou meio sem graça. Sua mão estava fria e suando também. Perguntei se ela queria comer alguma coisa, ela disse que sim. A gente saiu de fininho e foi degustar um lanche na cantina. Tudo era novo, e estava um pouco tenso, eu entreguei tudo que podia naquele palco, mas eu não sabia direito o que dizer. Até que ela perguntou se era mesmo aquela música que eu tinha preparado.


" Na verdade não, Dani. Eu ensaiei outra, e mudei de última hora. "


" Nossa, mas ficou muito perfeita. Parecia que você estava preenchendo todo aquele lugar, e a maneira como captou a atenção de todos ali. Imagina se fosse profissional."


" Não pensei em muita coisa. A verdade é que…", me detive em dizer.


" Que foi? Pode falar!"


" Bom, eu só foquei mesmo naquilo que eu queria. Ninguém ali me interessava. Pra dizer a verdade eu me soltei mais quando vi que era um Festival público, né, você não explicou direito, achei que iríamos à igreja!"

I

" Hahahahahahahaha, é verdade. Mas a maioria dos alunos é da igreja, o público é em massa da igreja, sabe."


" Se fosse pra cantar essa música numa igreja, certamente eu jamais teria escolhido."


" Mas foi perfeita."


" É que foi pra você, Dani."


Ela engoliu em seco.


" Nossa, você me deixou sem saber o que dizer."


" Como eu disse, eu fiz baseado no que eu queria. Nada mais importava. O que me importava era se você iria gostar ou não. Eu não sentia isso há muito tempo. Só queria que soubesse disso. Eu quis fazer isso pra você. "


" Mas a gente se conhece tão pouco, Lennon!"


" Eu sei. E nem perguntei se você tinha namorado, e cantei uma música pra você porque foi essa música que você descobriu a minha voz . E quero que descubra mais. Só queria que olhasse mais um pouco pra esse lado do meu peito, e visse. "


" Tá falando sério, Lennon?"


" Muito sério. E sei que você percebeu isso lá dentro. Eu sinto que já gosto de você. Eu não parei de pensar em você desde que esteve atrás da porta do meu quarto, até hoje. Até minha mãe perguntou o motivo daquela decisão inusitada. Eu cantei essa música diversas vezes, no meu aconchego. A letra por si só emociona. Eu tento captar o máximo para poder tocar com perfeição. Mas hoje não me preocupei em errar o compasso, não me preocupei em desafinar. Só queria que você gostasse."


" Me leva embora daqui!"


" Hã? Mas não vai ficar até o fim?"


" Quem se importa com o final? Eu só queria te ouvir mesmo. Me leva embora!"


" E qual seria a próxima parada?"


" Pode ser a minha casa?"


" Okay, minha querida."


Bom, já era fim de tarde, e eu não tinha nada a perder naquela cantoria mesmo. Fomos caminhando lentamente até a sua casa, que ficava a menos de um quilômetro dali. Ela estava meio sem graça, olhava pra baixo. Na última esquina, antes de virar para enfim, deixá-la em seu lar, ela parou debaixo de uma árvore bem frondosa, tirou a chave de sua bolsa. E mexia olhando perdidamente para o chão.


" No que está pensando?", indaguei.


" As coisas acontecem rápido. Isso não estava nos meus planos. Eu só queria tocar minha vida e não pensar em mais nada , mas aí você aparece e… bem, só tô confusa. Confusa e… no fundo desejando que isso não seja uma ilusão. "


Opaaaaaaa! Cara, aquilo foi bom demais de ouvir.


" Olha Dani, há um tempo atrás eu tive de deixar alguém, não porque eu queria. Não foi planejado, e tive de seguir a vida. Honestamente, não era pra eu estar aqui. Eu foquei nos meus projetos pessoais, foquei em mim mesmo, na tentativa de evitar me machucar e machucar os outros. Pra ser honesto, se eu estivesse em casa não estaria perdendo nada. Mas tem um porquê de tudo isso acontecer. E algo novo foi adicionado ao meu projeto. Agora vou ter de aprender canto bem rápido. "


" Hahahaha, que ótimo! "


" Porém, mais do que isso, quero que você saiba que o que fez por mim significou muita coisa. Não tinha que provar àquelas pessoas que eu canto bem. Só quis mandar aquela mensagem pra te dizer que em meio a esse oceano escaldante , que é a vida, a gente pode ver o mundo de uma maneira diferente. Basta a gente deixar nosso coração cantar para poder atrair boas coisas, boas ondas. Qualquer lugar pode virar um oásis, quando a alma floresce."


" Nossa, tirou isso de um livro?"


" Já tem tempo que não falo muita coisa. Dizem que a música é o choro da alma do autor. Mas hoje, a minha alma cantou com alegria. Só queria que soubesse disso. Foi por você que eu resolvi deixar a solidão pra trás. "


" Não sei por que…mas eu quero acreditar nisso. E tenho medo. "


Ela ia abaixando os olhos em direção ao chão, mas levantei sua cabeça. E impulsivamente tomei seus lábios. Afastei-me. Ela pegou meu rosto com as duas mãos e aprofundou mais o beijo. Quando nossas línguas finalmente começaram a dançar, foi como se eu tivesse tirando uma água fresca do poço pra matar a sede.


" Lê, quantos anos você tem? "


" Perto de fazer 21 anos. Mais alguns meses, entende?"


" Eu já fui casada. Tenho 25, quase 26 anos. Já estou calejada de quebrar a cara com palavras bonitas. Não sou mais uma menina novinha e…"


" O início de uma jornada começa dando um passo. "


" O que vai ser da gente, agora?"


" Você realmente sabe o que quer? E quando quer algo?"


" Nunca tive tanta certeza do que tenho certeza. "


" Ótimo. "


Tomei com violência seu corpo contra o meu e dei um beijo de tirar o fôlego da Dani. Ela gemeu com vontade. Encostei ela na árvore, depois troquei de lugar com ela e a encaixei entre minhas pernas. Larguei o violão ao lado e busquei sua boca com força. Meu membro reagiu impetuosamente, tocando seu ventre.


" Nossa, hahahaha, já tá assim? "


" Desculpa. Isso não tem como esconder. "


" Dona Maria vai me perdoar, mas eu vou roubar o filho dela pra mim!"


Mais uma vez nos tomamos com ímpeto. Dos beijos, passei a morder seu pescoço, e do pescoço pro seu peito. Sua respiração descompassada, denunciava a erupção de uma paixão que a alma queria viver.


" Haaaaaannnn, Haaaaaannn, Aaaaaaiiinnn! Lê, a gente precisa arrumar forças pra parar agora!"


Soltei-a enquanto ainda me restava algum juízo. Porra, que ódio. Esqueci que estava na rua. Estava calma, mas alguém poderia nos observar .


" A gente se vê outro dia, Lennon. Preciso colocar as idéias no lugar!"


" Mas o quê? "


" Volte pra realidade. Somos adultos! " Não sou dessas que você usa e joga fora. Adeus!"


Desapareceu sem me dar nenhuma palavra a mais. O que foi que eu fiz? De qualquer maneira, ainda não havia começado a experimentar a força real daquela paixão.


Continua…


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